Eu costumo, diariamente, ouvir o programa em que Ricardo
Boechat, na band news comanda como âncora. Tem telefones, e-mail e tudo mais,
meios pelos quais qualquer um pode entrar em contato com o apresentador, ou
apresentadores, são vários. Se alguém
desejar sintonizar a rádio deverá localizá-la e sintonizá-la em 49.9 em freqüência
modulada.
Devo reconhecer que se trata
de um programa respeitável que aborda temas e seleciona problemas que afetam
indiscutivelmente a sociedade, o povo, a nação e por que não dizer os
consumidores e em especial os contribuintes com um todo.
O apresentador que dispensa
apresentações é um jornalista de peso e de muita envergadura, um medalhão da
informação, se quiserem. Ricardo Boechat, quem não o conhece de outras tantas mídias,
quem não o conhece do portentoso jornal do Brasil, onde o mesmo perlustrou com
tamanha competência uma coluna sobre a
sociedade e que era respeitabilíssima...
Tudo bem! Mas isto não lhe
confere o direito, se bem que, será que é um direito ou uma obrigação, um dever
de bem informar e conduzir o hoje programa da band news na rádio bandeirantes
como âncora, de esquecer que, ele é um formador de opinião?
Por que estamos colocando os
fatos dessa maneira? A bem da verdade o que vamos questionar é algo que se
tornou uma praga. Essa praga vem se alastrando desde o momento em que pessoas
que cresceram aos olhos do povo como sendo um fenômeno de popularidade,
empatia, aceitação pública, se julgaram detentoras do saber e da verdade sobre
tudo e sobre todos.
Eu não preciso nem me
esforçar para demonstrar e convencer de quem se trata. O linguajar desses
personagem é por demais corriqueiro e banal. Todos nós estamos sobejamente acostumados e cansados de os ver falando e profetizando
nos meios de comunicação. Consideram-se os donos da verdade e se sentem acima
do bem e do mal.
Basta isso, pensem e observem
para chegarem à conclusão. Porém, Ricardo Boechat não! Esse eu não vou perdoar.
Esse é uma instituição, um verdadeiro e autêntico
gênio da comunicação escrita, falada e televisada, a esse eu não perdôo.
Escuto sempre que posso o seu
programa matinal na referida rádio. Tenho o maior respeito e admiração pelas
suas posições pessoais, ideológicas, filosóficas, políticas, etc., do mesmo. Estou
sempre concordando em número, grau e gênero com as suas colocações e críticas e
cobranças proferidas contra as autoridades públicas, sejam tais autoridades de
que nível for.
Agora, permita-me Ricardo
Boechat inserir neste contexto logosófico a minha insatisfação. Muito bem! Ouço
a sua insistente e pertinaz cobrança às autoridades desta nação, das atenções
devidas aos cidadãos deste país sobre os mais diversos aspectos, os mais distintos
assuntos, as mais variadas causas existenciais. A sua veemência, a sua eloqüência,
o seu determinismo em demonstrar os fatos e cobrar a reparação dos mesmos, se
for o caso, é esplendoroso, meu nobre Ricardo Boechat...
Bem, agora devo dizer-lhe o
que não combina(como você muito bem gosta de usar essa palavrinha), é você e
todo seu staff, usar descomedidamente, abusivamente, a expressão popular, a
qual chega a ser enjoativa, “ a gente”.
Veja, Ricardo Boechat! Quem é
a gente? Quando você fala, quando você cobra, quando você assume a condição de “
a gente”, quem você pensa que está representando? Quem é verdadeiramente “a gente”?
Ora, data vênia, “a gente” não é
ninguém, verdadeiramente.
Por isso, o seu, o meu e o
nosso discurso será sempre no vazio, sempre que não dermos sempre, repito, o nome aos bois. O que devemos espectar de
pessoas da sua envergadura, não tenho dúvidas, é o exemplo.
A cobrança que você diuturnamente
e providencialmente faz em defesa da sociedade, da nação e do povo brasileiro,
é uma cobrança plural, é uma manifestação cívica, portanto da nação brasileira.
E a nação brasileira não é “a gente”, somos nós a nação, o povo, os consumidores e
contribuintes deste país. Portanto, “a gente” não cobra nada de quem quer que seja, quem deverá cobrar tudo o que tem efetivamente direito, somos nós, sempre no
plural, o povo brasileiro.
Rio, 20/06/2012.
Emmanuel Avelino.