IL POVERELLO

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A GENTE QUEM? QUEM É A GENTE?




                   Eu costumo,  diariamente, ouvir o programa em que Ricardo Boechat, na band news comanda como âncora. Tem telefones, e-mail e tudo mais, meios pelos quais qualquer um pode entrar em contato com o apresentador, ou apresentadores, são vários.  Se alguém desejar sintonizar a rádio deverá localizá-la e sintonizá-la em 49.9 em freqüência modulada.

                   Devo reconhecer que se trata de um programa respeitável que aborda temas e seleciona problemas que afetam indiscutivelmente a sociedade, o povo, a nação e por que não dizer os consumidores e em especial os contribuintes com um todo.

                   O apresentador que dispensa apresentações é um jornalista de peso e de muita envergadura, um medalhão da informação, se quiserem. Ricardo Boechat, quem não o conhece de outras tantas mídias, quem não o conhece do portentoso jornal do Brasil, onde o mesmo perlustrou com tamanha competência uma coluna  sobre a sociedade e que era respeitabilíssima...

                   Tudo bem! Mas isto não lhe confere o direito, se bem que, será que é um direito ou uma obrigação, um dever de bem informar e conduzir o hoje programa da band news na rádio bandeirantes como âncora, de esquecer que, ele é um formador de opinião?

                   Por que estamos colocando os fatos dessa maneira? A bem da verdade o que vamos questionar é algo que se tornou uma praga. Essa praga vem se alastrando desde o momento em que pessoas que cresceram aos olhos do povo como sendo um fenômeno de popularidade, empatia, aceitação pública, se julgaram detentoras do saber e da verdade sobre tudo e sobre todos.

                   Eu não preciso nem me esforçar para demonstrar e convencer de quem se trata. O linguajar desses personagem é por demais corriqueiro e banal. Todos nós estamos sobejamente  acostumados e cansados de os ver falando e profetizando nos meios de comunicação. Consideram-se os donos da verdade e se sentem acima do bem e do mal.

                   Basta isso, pensem e observem para chegarem à conclusão. Porém, Ricardo Boechat não! Esse eu não vou perdoar. Esse é uma instituição, um  verdadeiro e autêntico gênio da comunicação escrita, falada e televisada, a esse eu não perdôo.  

                   Escuto sempre que posso o seu programa matinal na referida rádio. Tenho o maior respeito e admiração pelas suas posições pessoais, ideológicas, filosóficas, políticas, etc., do mesmo. Estou sempre concordando em número, grau e gênero com as suas colocações e críticas e cobranças proferidas contra as autoridades públicas, sejam tais autoridades de que nível for.   

                   Agora, permita-me Ricardo Boechat inserir neste contexto logosófico a minha insatisfação. Muito bem! Ouço a sua insistente e pertinaz cobrança às autoridades desta nação, das atenções devidas aos cidadãos deste país sobre os mais diversos aspectos, os mais distintos assuntos, as mais variadas causas existenciais. A sua veemência, a sua eloqüência, o seu determinismo em demonstrar os fatos e cobrar a reparação dos mesmos, se for o caso, é esplendoroso, meu nobre Ricardo Boechat...

                   Bem, agora devo dizer-lhe o que não combina(como você muito bem gosta de usar essa palavrinha), é você e todo seu staff, usar descomedidamente, abusivamente, a expressão popular, a qual chega a ser enjoativa, “ a gente”.

                   Veja, Ricardo Boechat! Quem é a gente? Quando você fala, quando você cobra, quando você assume a condição de “ a gente”, quem você pensa que está representando? Quem é verdadeiramente “a gente”? Ora, data vênia, “a gente” não é ninguém, verdadeiramente.  

                   Por isso, o seu, o meu e o nosso discurso será sempre no vazio, sempre que não dermos sempre, repito,  o nome aos bois. O que devemos espectar de pessoas da sua envergadura, não tenho dúvidas, é o exemplo.

                   A cobrança que você diuturnamente e providencialmente faz em defesa da sociedade, da nação e do povo brasileiro, é uma cobrança plural, é uma manifestação cívica, portanto da nação brasileira. E a nação brasileira não é “a gente”, somos  nós a nação, o povo, os consumidores e contribuintes deste país. Portanto, “a gente” não cobra nada de quem quer que seja, quem deverá cobrar tudo o que tem efetivamente direito, somos nós, sempre no plural, o povo brasileiro.

Rio, 20/06/2012.

Emmanuel Avelino.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

ALGUÉM TEM MEDO DE ESPÍRITO?

Por que devo esconder a minha condição de espírito? Esconder de quem que sou um espírito? Como esconder, eu que sou um espírito,  de você que também é um espírito? Como se isso fosse possível! Mas, me esconder de você em minhas condições viva de luz, de energia em si manifesta, consciente e possuidora de razão, tudo isto estabelecido pelo detentor das energias das energias? É isso a que se denomina a causa primária de todas as coisas! Como me esconder perante todo esse contexto existencial? Espírito sou e caminho na minha condição progressiva de ter partido do zero da ignorância para a perfeição da minha sabedoria, trilhando uma escala de evolução na qual vou me equiparando desde o verme até minha inteligência sublime e próximo da perfeição suprema!  Como não reconhecer que é um espírito a se manifestar àquele que mediante o seu grau de evolução neste instante se encontra vibrando e em sintonia com as forças da natureza e seus elementares e que por isso mesmo estar ainda hoje  na escala dos aborígenes? Como descartá-lo da sua condição primitiva e dizer que só reconhecemos a manifestação de espíritos puros, perfeitos e superiores com os quais nos comunicamos pelos canais de médiuns  e videntes? É possível pelo fato de ainda estar um espírito num grau atrasado da sua evolução, deixar ele de também ser um espírito? Só devemos levar em consideração a manifestação dos espíritos, ditos superiores, para que possamos acreditar na existência e na manifestação verdadeira de um espírito e levá-lo em acatamento, enquanto para um espírito atrasado na sua escala evolutiva, para este a sua manifestação – através de um médium, é claro – não existe? Podemos creditar a existência do espírito que se apresenta confirmando a sua condição de ter passado entre nós, demonstrando que fora no passado Chico Xavier – isto é um exemplo – nos convencendo mediante a demonstração dos seus feitos e não devemos acreditar num outro espírito que nos visita demonstrando de que fora no passado um preto velho ou um índio, mediante a demonstração dos seus feitos? Aquele fora Chico Xavier, esse fora  Araribóia, esse outro fora uma preta velha conhecida por vovó Maria Conga da Bahia? A todos devemos reconhecer como sendo espíritos, ou apenas só reconheceremos se for o espírito de Chico Xavier, André Luiz, Bezerra de Menezes, porque espíritos de mais luz e de maior evolução é que se nos será permitido tê-los como espíritos e aos outros não? Afinal todos somos espíritos. Encarnados hoje, ontem desencarnados, amanhã novamente desencarnado, como não reconhecer esse processo da nossa própria caminhada espiritual, e por que ter vergonha de bradar a nossa condição mesma de ser extra corpóreo se não passamos disso e não seremos outra coisa, quer queiram quer não, do que meros espíritos a perambular pelos escaninhos da existência cósmica, como energia bruta em processo de lapidação,  purificação e aperfeiçoamento? Fica aqui, finalmente, uma interrogação,  alguém aqui entre nós, desconhece que é um espírito? Alguém aqui entre nós tem medo de ser espírito?

Rio, 31/05/2012