IL POVERELLO

sábado, 25 de dezembro de 2010

O SEGREDO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Tristão de Athayde


Num mundo que se cristalizava em lutas, em abusos de toda espécie, em indolências e ceticismo, Francisco não vinha trazer-nos nada de inédito, como originalidade de pensamento, como fórmula de restauração, como remédio aos males do tempo.


São acordes seus biógrafos em dizer que os seus discursos nada tinham de original. Procurando os seus discípulos reproduzi-los, sentiam sempre a falta de qualquer coisa... mas que era tudo. Nesse mundo, em que a fama das universidades começava a espalhar-se, e Bolonha, ali perto, já irradiava o seu saber de juristas e teólogos, não vinha discutir teologia ou combater infiéis.



Vinha apenas, no meio das lutas em que se debatiam as cidades e as famílias, em meio da grande decadência de costumes e dos abusos dos grandes contra os pequenos, vinha penas trazer essa dádiva simplíssima: uma vida humana a serviço dos homens. Vinha viver, no meio dos homens, como se viera de um mundo superior a eles.


Quando todos se debatiam entre mil e um laços que os prendiam a toda sorte de pequenos senhores na terra, veio esse filho fugido de casa dos pais, para entregar-se ao Pai supremo, sem nome e sem instrução, mostrar que a suprema felicidade estava em sacudir o peso de todos esses pequenos barões terrenos, para se submeter a um só Príncipe invisível. No meio de uma vida em que se perdera a memória das coisas simples, veio mostrar o sabor de todas as verdadeiras essências imortais, a luz, o fogo, a água, o ar, o som, a palavra. No meio de uma sociedade áspera no ganho, veio mostrar a delícia de não possuir.


No meio do furar de todas as violências, veio mostrar o milagre da paz e da fraternidade. No meio de uma era complicada, racionadora, cheia de hierarquias e preconceitos, veio mostrar a originalidade das coisas simples. Contra os raciocínios intermináveis, mostrou a eloqüência das soluções intuitivas. Contra as rígidas hierarquias, a igualdade no bem e na pureza da alma.


Contra os preconceitos, a coragem de agir desassombradamente, por uma causa mais alta que todos os mesquinhos interesses terrenos. Esse, talvez, o maior segredo de São Francisco de Assis. Onde outros deram ou dariam o seu saber, a sua astúcia, a sua coragem, ele deu apenas isso: o seu coração. Esse isso revolucionou a História.


Publicado originalmente no Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 4 de outubro de 1981.
Extraído de: PICCOLO, Frei Agostinho Salvador, OFM. Perfil do educador franciscano. p. 89-91. Bragança: EDUSF, 1998.


Rio, 25/12/2010.
Emmanuel Avelino.

El mínimo y dulce Francisco de Asis

O NATAL ESPÍRITO DO CRISTO



                        O que comemoramos na data natalina é a chagada do Espírito de Jesus Cristo para a humanidade. Ele foi enviado exatamente para apascentar os demais Espíritos que aqui já habitavam e que desconheciam o verdadeiro sentido do Amor do Pai que os criou, nosso Pai Deus. Emmanuel(Mateus I, 23),  
doravante conhecido como Jesus de Nazareth, o Cristo Cósmico, encarnou com a missão de nos tornar melhores, esclarecidos e livres para reverenciar, adorar e submetermos à vontade e o Amor  de Deus.

                        Francisco de Assis, o sereno, o admirável e o apascentador das ovelhas de Jesus, veio para continuar o seu apostolado em nome de Jesus, de quem fora Apostolo e ao seu lado e ao lado de Maria Mãe de Jesus, o adorou e serviu como o Apostolo João, O Evangelista.

                        Por isso devemos conhecer o Natal de Francisco de Assis, o Natal Franciscano, criador do primeiro presépio para a adoração do menino Jesus em seu primeiro dia de existência quando encarnado esteve na terra há mais de dois mil anos atrás. Daqui para frente vamos nos valer da obra (Francisco Cantor da paz e da alegria, Autor Deodato Ferreira Leite, Editora Paulinas, 12ª edição 2004), para melhor esclarecer como se deu a criação do primeiro presépio na terra, criado por Francisco de Assis no ano de 1223, na localidade  de Gréccio.

                        “No tempo de Francisco, do sereno e admirável homem de Assis, celebrava-se com muita alegria, o nascimento de Jesus Cristo. Festa caracteristicamente popular e simples, uma das poucas que não eram privilégio exclusivo dos senhores e potentados, fazia aflorar também nos espíritos humildes.

                        Nos longínquos dias do passado, Francisco de modo muito significativo e comovente, estabeleceu um costume de impressionante beleza. Precisemos o ano: 1223. Então, festejou ele o nascimento de Jesus de um modo como nunca se havia feito.

                        Conta-se que o santo viajava de Roma para a Úmbria, pouco antes das festas da natividade, e, ao passar por Gréccio, disse repentinamente a João Velita, religioso da Ordem Terceira: “Irmão, se me quiseres ajudar, celebraremos este ano o mais belo Natal que jamais se viu”.

                        “No bosque, perto do nosso convento, existe uma gruta entre os rochedos; farás aí um estábulo e porás nele feno. É preciso que haja também um boi e um burro, justamente com em Belém. Quero, ao menos uma vez, festejar a vinda do Filho de Deus à terra e ver com os meus próprios olhos quanto ele quis ser pobre e miserável, quando nasceu por amor de nós”.

                        Realmente, por mais que se pense na pobreza do nascimento de Jesus, dela não se poderá ter uma idéia perfeita, a não ser que se contemple demoradamente um verdadeiro presépio – estrebaria, habitação de animais irracionais.

                        Na gruta, perto do bosque, tudo estava arranjado de tal maneira, que o quadro de Belém repetiu-se, comovente, ali, na sua pureza e simplicidade. Sobre um punhado de palha, repousava o Divino Infante. O povo da cidade e dos lugares vizinhos compareceu em peso à encantadora festa. Os frades dos conventos do vale de Riete, com tochas acesas, sonorizavam os ares com cânticos solenes e festivos.  Chorando de alegria, Francisco orou também de joelhos diante do presépio. À meia-noite, foi rezada a missa por cima do presépio, que servia de altar, a fim de que o Menino Jesus, sob as formas de pão e vinho, ali estivesse presente em pessoa, como o tinha estado no estábulo de Belém. Essa noite, de memorável beleza foi realmente extraordinária, pois o Menino Celeste retornou à terra para alegria de todos.

                        É bem verdade que a comemoração do Natal, depois da inesquecível e bela restauração feita por Francisco, tornou-se a mais expressiva, como que tocada de maior santidade. Agora, os cristãos podem, diante do presépio, meditar demoradamente a respeito do mistério da encarnação do Verbo. Mistério esse profundo e admirável! Deus que se faz homem! Como ele não poderia sofrer nem morrer, o Verbo tomou a natureza humana e habitou entre nós  para, na sua humanidade, viver pobrezinho e morrer na cruz. Incompreensível é em verdade o amor de Deus!

                        Francisco desejava que, por ocasião do Natal, mais do que nos outros dias, fossem ouvidas na terra palavras eloqüentes e fervorosas no tocante à vida de Deus entre os homens e que mais do que nunca, se exaltasse a figura de Jesus, abismo de todo o bem verdadeiro, amor de todos os amores. Ciência escondida aos grandes do mundo e revelada apenas aos pequeninos. O excelso poeta santo – “el mínimo y dulce Francisco de Asis” – dizia que possuir Jesus é possuir ao mesmo tempo as coisas passadas, presentes e futuras, pois nele e por ele, enfim, existem e existirão os séculos”.


Rio de Janeiro, 25/12/2010, às 00;01h

Emmanuel Avelino.

domingo, 28 de novembro de 2010

AMOR, POR QUEM CHORAS?...

AMOR, POR QUEM CHORAS?!...


                    Bem, seria preciso dizer e identificar quem é esse amor. Amor!.. Amor esse rasgo da nossa alma que abraça tudo que estimamos em nossa existência, seja quem for, nós podemos amar, agasalhar, proteger. Chora quem ama aquela criatura que exprime a nossa aspiração verdadeira que de tanto imaginar e pretender seria a nossa realização, a nossa felicidade maior, felicidade absoluta. Como imaginar alguém que elegemos como sendo o nosso desejo absoluto de realização, sendo uma nulidade, um projeto falho, uma decepção? Esse seria o amor por quem choramos?... Por mais que desejemos, por mais que façamos, esse alguém não corresponde, não está à altura dos nossos sonhos e pretensões... Por isso o choro. Porque esse amor frustrou-se, feneceu, e nós choramos diante da derrota, da decepção... Esse quadro pode se aplicar a qualquer um de nós e em situações as mais diversas em nossas existências. Todos nós estamos sujeitos às circunstâncias semelhantes. Só o desenrolar do nosso dia a dia existencial, em contato com as nossas circunstâncias, poderemos identificar e caracterizar esse fato. Os nossos, especialmente aqueles mais próximos é que poderão dar essa resposta com bastante propriedade. Aí sim, teremos uma resposta mais convincente do que questionamos neste nosso questionar, “Amor, por quem choras?”.

Rio, 28/11/2010, às 21:00h

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ASSIM FALOU JESUS...(CONTINUAÇÃO)

SEGUNDA PARTE DA OBRA

“VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO”

CAPÍULO I

Jesus continua a sua missão


          “Pensam os homens que a missão do Mestre ficou terminada com o sacrifício de sua vida, porém sua morte não foi mais que o remate com que devia ficar consagrada a grandeza de sua obra, recém-começada por ela. Sua morte significa, pois, mais que outra cousa, o grande compromisso de futuras alianças entre Deus e os homens, pelo esforço destes para o acatamento das leis divinas e pela elevada manifestação do Pai no que tem de compreender-se como sua vontade, para ser acatada e cumprida sobre a terra. Venho assim novamente entre os homens, como já disse outras vezes, para continuar a tarefa começada, confirmando o que já disse, retificando o mal compreendido, ampliando também aquelas manifestações e esclarecendo em tudo o que permite a compreensão dos homens ( 1).


          Não duvideis de minha filiação divina, porque o pai me havia honrado assim ao mandar-me como Messias entre vós, para que as elevadas alianças espirituais, que me rodeavam, e os altos compromissos contraídos, que me apoiavam ao descer à terra, lograssem assegurar a obra de redenção humana, muito retardada já. Mas não acrediteis na redenção do pecado pela maneira que se disse, porque o pecado só se redime pelo esforço de quem pecou.

          Irmãos meus, sois espíritos tão materializados ainda que nada vos ocorre fora da matéria e resumis entretanto vossa felicidade na posse dos bens materiais. E é só pela decidida renúncia de tudo quanto forma um atrativo para a carne e para vossos mal dissimulados desejos de predomínio, que conseguireis elevar-vos o suficiente para ingressar pela nova via de vossa regeneração. Sois espíritos jovens ainda; vossos pensamentos, vossos desejos e os mesmos laços carnais que vos ligam à família, tudo vos traz agarrados à terra que habitais. Porém podeis, pouco a pouco, levantar-vos acima dessa materialidade com o arrependimento de vossas faltas e com o cumprimento de vossos deveres, porque é assim como o espírito começa a sua elevação e na elevação espiritual encontra-se o desprendimento da matéria. Recordai-vos do que antes já vos disse: “Eu não trago a paz senão a guerra. Levantai, pois, esta bandeira de guerra e não a enroleis.”


          Irmãos meus: - Oxalá possais compreender o significado de minhas palavras e ligar-vos a mim, como irmãos, na adoração do verdadeiro Deus. Como irmãos meus na reforma de vossos hábitos, nas meditações de vosso espírito e no acordo de vossa vontade com a minha, para honrar vossos pensamentos e vossas ações com a elevada emanação divina.


          Eis-me, pois, aqui entre vós para cumprimento do que escrito está a respeito de minhas palavras e de meus ensinamentos para o porvir, que é hoje o presente, cumprindo a vontade do Pai que não haveria enviado antes se não me houvesse de permitir mais tarde ajudar a frutificação do que eu havia semeado em seu nome.


          Vêm assim a constituir estas manifestações como que o resultado natural de meus primeiros trabalhos da vinha do Senhor (2). Crede, pois, em minha palavra porque eu vos falo pelo amor, e o amor é a essência de Deus. Assim como antes vos disse: Amai-vos uns aos outros, agora repito-vos: Só pelo amor será salvo o homem.”


Notas do Tradutor da Obra Ovídio Rebaudi

(1) Os ensinamentos de Jesus são de tal natureza, que guardam sempre algo mais para o que mais saber alcança, pois seu espírito tanto mais se eleva quanto mais nossa compreensão se alarga. Basta observar, por exemplo, a comunicação referente à fé, da qual algum proveito recolhem os espíritos simples, maior conhecimento alcançam os inteligentes e intensas cintilações de inesperada luz brilham para as almas mais evolucionadas.


(2) Desde então Jesus não cessou seus trabalhos sendo ele o Diretor deste intenso movimento espiritualista que se vem produzindo sob a denominação de “Moderno espiritualismo”, mas que na verdade não constitui outra coisa senão manifestações do próprio Cristianismo dentro de sua orientação constante progressiva, pois que, segundo palavras do próprio Mestre, “tudo ressurge dentre as mesmas aparências da morte para a confirmação mais completa da vida e de seu aperfeiçoamento, para sua aproximação paulatina para Deus”.


Esta tendência, constantemente progressiva do Cristianismo, se deduz também, entre outras muitas coisas, do Espírito de Verdade do Consolador prometido por Jesus, que revelaria e explicaria o que os homens da Judéia não podiam compreender.


A incansável laboriosidade do Mestre sobre esta rota por ele empreendida há cerca de dois mil anos, vê-se claramente manifestada em todas estas comunicações e muito especialmente também na de S. João, que se encontra no final da obra, sendo esta nota agregada recentemente, em 1922, para a reimpressão do II Tomo, editado na Espanha pela Sociedade “A Verdade pela Ciência”.

domingo, 14 de novembro de 2010

A VIDA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

San Francesco d'Assisi la luce della pace nel mondo.


Nascimento e vida familiar de um cavaleiro

Francisco nasceu em Assis, cidade de Úmbria, no ano 1182.

                    Seu pai, Pedro Bernardone, era comerciante. O nome de sua mãe era Pia e alguns autores afirmam que pertencia a uma nobre família da Provença. Tanto o pai como a mãe de Francisco eram pessoas ricas. Pedro Bernardone comerciava especialmente na França. Como muitos falavam nisso quando nasceu seu filho, as pessoas lhe apelidara "Francesco" (em francês), por mais que no batismo recebeu o nome de João. Em sua juventude, Francisco era muito dado as românticas tradições cavalerescas que propagavam os trovadores. Dispunha de dinheiro em abundância e o gastava prodigamente, com ostentação.

                   Nem os negócios de seu pai, nem os estudos lhe interessavam muito, mas sim o divertir-se em coisas vãs que comumente se chama "gozar da vida". Sem dúvida, não era de costumes licenciosos e costumava ser muito generoso com os pobres que lhe pediam por amor de Deus.


Acha de um tesouro


                    Quando Francisco tinha uns vinte anos, iniciou a discórdia entre as cidades de Perugia e Assis e na guerra, o jovem caiu prisioneiro. A prisão durou um ano, e Francisco a suportou alegremente. Sem dúvida, quando refez a liberdade, caiu gravemente enfermo. A enfermidade, na que o jovem provou uma vez mais sua paciência, fortaleceu e madurou seu espírito. Quando se sentiu com forças suficientes, determinou ir a combater no exército de Galterio e Briena no sul de Itália. Com esse fim, se comprou uma custosa armadura e um lindo manto. Mas um dia em que passeava ataviado com seu novo traje, se topou com um cavaleiro mal vestido que havia caído na pobreza; movido à compaixão ante aquele infortúnio, Francisco mudou suas ricas roupas pelos de cavaleiro pobre. Essa noite viu em sonhos um esplendido palácio com salas cheias de armas, sobre as qual é se tinha gravado o sinal da cruz e lhe pareceu ouvir uma voz que lhe dizia que essas armas lhe pertenciam e a seus soldados.


                    Francisco partiu a Apulia com a alma ligeira e a seguridade de triunfar, mas nunca chegou ao frente de batalha. Em Espoleto, cidade de caminho de Assis a Roma, caiu novamente enfermo e, durante a enfermidade, ouviu uma voz celestial que lhe exortavam a "servir ao amo e no ao servo". O jovem obedeceu. Ao principio voltou a sua antiga vida, ainda que a tomando menos a ligeira. As pessoas, ao vê-lo silencioso, lhe diziam que estava enamorado. "Sim", replicava Francisco, "vou casar-me com uma jovem mais bela e mais formosa que todas as que conheceis". Pouco a pouco, com a muita oração, foi concebido o desejo de vender todos seus bem é e comprar a pérola preciosa de que fala o Evangelho.


                    Ainda ignorava o que tinha que fazer para elo, uma serie de claras inspirações sobrenaturais lhe fez compreender que a batalha espiritual começa pela mortificação e a vitória sobre os instintos. Passando em certa ocasião a cavalo pela vila de Assis, encontrou a um leproso. As chagas de mendigo aterrorizaram a Francisco; mas, em vez de fugir, se acercou ao leproso, que lhe estendia a mão para receber uma esmola. Francisco compreendeu que havia chegado o momento de dar o passo ao amor radical de Deus. A pesar de seu repulsa natural ao leproso, venceu seu vontade, se lhe acercou e lhe deu um beijo. Aquilo mudou sua vida. Foi um gesto movido pelo espírito Santo, pedindo a Francisco uma qualidade de entrega, um "sim" que distingue aos santos dos medíocres. "Francisco, repara minha Igreja, pois e a vês que está em ruínas" •


                    A partir de então, começou a visitar e servir aos enfermos nos hospitais. Algumas vezes presenteava aos pobres seus vestidos, outras, o dinheiro que levava. Em certa ocasião, enquanto orava na Igreja de São Damião nas aforas de Assis, lhe pareceu que o crucifixo (hoje chamado crucifixo de São Damião) lhe repetia três vezes: "Francisco, repara minha casa, pois olhas que está em ruínas". O santo, vendo que a Igreja se achava em muito mal estado, crendo que o Senhor queria que a reparasse; assim, pois, partiu imediatamente, tomou uma boa quantidade de vestidos da tenda de seu pai e os vendeu junto com seu cavalo. Em seguida levou o dinheiro ao pobre sacerdote que se encarregava da Igreja de São Damião, e lhe pediu permissão de estar e viver com ele. O bom sacerdote consentiu em que Francisco ficasse com ele, mas se negou a aceitar o dinheiro.


                    O jovem o depositou na janela. Pedro Bernardone, ao inteirar-se do que havia feito seu filho, se dirige indignado a São Damião. Mas Francisco havia tido cuidado de ocultar-se.


Renúncia a herança de seu pai


                    Ao cabo de alguns dias passados em oração e jejum, Francisco voltou a entrar na povoado, mas estava tão desfigurado e mal vestido, que as pessoas riam dele como se fosse um louco. Pedro Bernardone, muito desconcertado pela conduta de seu filho, lhe conduziu a sua casa, lhe golpeou furiosamente (Francisco tinha então vinte e cinco anos), lhe pôs correntes nos pés e lhe encerrou em uma casa. A mãe de Francisco se encarregou de pô-lo em liberdade quando seu marido se achava ausente e o jovem retornou a São Damião. Seu pai foi de novo a buscá-lo ali, lhe golpeou na cabeça e lhe mandou voltar imediatamente a sua casa ou a renunciar a sua herança e pagar o preço das roupas que lhe havia tomado. Francisco no teve dificuldade alguma em renunciar a herança, mas disse a seu pai que o dinheiro das roupas pertencia a Deus e aos pobres. Seu pai lhe obrigou a comparecer ante o Bispo Guido de Assis, quem exortou ao jovem a devolver o dinheiro e a ter confiança em Deus: "Deus não deseja que sua Igreja aproveite de bens que são injustamente adquiridos".


                    Francisco obedeceu à ordem do Bispo e acrescentou: "As roupas que levo pertencem também a meu pai, tenho que devolvê-los". Em seguida se desnudou e entregou suas roupas a seu pai, dizendo-lhe alegremente: "até agora tu tem sido meu pai na terra, mas em adiante poderei dizer: Pai nosso, que estás nos céus."' Pedro Bernardone abandonou o palácio episcopal "tremendo de indignação e profundamente aborrecido". O Bispo regalou a Francisco um velho vestido de lavrador, que pertencia a um de seus servos. Francisco recebeu a primeira esmola de sua vida com grande agradecimento, traçou a sinal da cruz sobre a roupa e se o foi.


Chamado a renúncia e a negação


                     Em seguida, partiu em busca de um lugar conveniente para ficar. Ia cantando alegremente as glórias divinas pelo caminho, quando topou com uns bandoleiros que lhe perguntaram quem era. O respondeu: "Sou o arauto de um grande Rei". Os bandoleiros lhe golpearam e lhe atiraram em um fosso coberto de neve. Francisco prosseguiu seu caminho cantando as divinas glórias. Em um monastério obteve esmola e trabalho como se fosse um mendigo. Quando chegou a Gubbio, uma pessoa que lhe conhecia lhe levou a sua casa e lhe deu uma túnica, um cinturão e umas sandálias de peregrino. Para reparar a Igreja, foi a pedir esmola em Assis, donde todos lhe haviam conhecido rico e, naturalmente, houve de suportar as brincadeiras e o desprezo de mais de um mal intencionado. O mesmo se encarregou de transportar as pedras que faziam falta para reparar a Igreja e ajudou no trabalho. Uma vez terminadas as reparações na Igreja de São Damião, Francisco empreendeu um trabalho semelhante na antiga Igreja de São Pedro.


                    Depois, se trasladou a uma capela chamada Porciúncula, que pertencia à abadia beneditina de Monte Subasio. Provavelmente o nome da capela aludia ao feito de que estava construída em uma reduzida parcela de terra. A Porciúncula se achava a uns quatros kilômetros de Assis e, naquela época, estava abandonada e quase em ruínas. A tranqüilidade do lugar agradou a Francisco tanto como o titulo de Nossa Senhora dos Anjos, em cuja honra havia sido erigida à capela. Francisco a reparou e fixou nela sua residência. Ali lhe mostrou finalmente o céu o que esperava por ele, no dia da festa de São Matias de ano 1209. Naquela época, o evangelho da Missa da festa dizia: "Ide a pregar, dizendo: o Reino de Deus tinha chegado.


                    Dai gratuitamente o que haveis recebido gratuitamente. Não possuas ouro, nem duas túnicas, nem sandálias. Aqui que vos envio como Cordeiros em meio dos lobos". Estas palavras penetraram até o mais profundo no coração de Francisco e este, aplicando-as literalmente, tirou seus sandálias, e seu cinturão e ficou somente com a pobre túnica cingida com um cordão. Tal foi o hábito que deu a seus irmãos um ano mais tarde: a túnica de lã dos pastores e camponeses da região. Vestido dessa forma começou a exortar a penitência com tal energia, que suas palavras enchiam os corações de seus ouvintes. Quando se topava com alguém no caminho, lhe saudava com estas palavras: "A paz de Senhor seja contigo".


Dons Extraordinários


                    Deus lhe havia concedido e a o dom de profecia e o dom de milagres. Quando pedia esmola para reparar a Igreja de São Damião, costumava dizer: "ajudai-me a terminar esta Igreja. um dia haverá ali um convento de religiosas em cujo bom nome se glorificarão o Senhor e a universal Igreja".


                    A profecia se verificou cinco anos mais tarde em Santa Clara e suas religiosas. Um habitante de Espoleto sofria de um câncer que lhe havia desfigurado horrivelmente o rosto. Em certa ocasião, ao cruzar com São Francisco, o homem tentou jogar-se a seus pés, mas o santo teve piedade e lhe beijou no rosto. O enfermo ficou instantaneamente curado. São Boa Ventura comentava a este propósito: "Não se há, que admirar mais o beijo ou o milagre ".


Nova ordem religiosa e visita ao Papa


                    Francisco teve numerosos seguidores e alguns queriam fazer se discípulos seus. O primeiro discípulo foi Bernardo de Quintavale, um rico comerciante de Assis. Ao principio Bernardo via com curiosidade a evolução de Francisco e com freqüência lhe visitava a sua casa, donde lhe tinha sempre preparado um leito. Bernardo se fingia dormido para observar como o servo de Deus se levantava silenciosamente e passava largo tempo em oração, repetindo estas palavras: "Meu Deus e meu tudo". Ao fim, compreendeu que Francisco era "verdadeiramente um homem de Deus e em seguida lhe suplicou que lhe admitisse como discípulo. Desde então, juntos assistiam a Missa e estudavam a Sagrada Escritura para conhecer a vontade de Deus. Como as indicações da Bíblia concordavam com seus propósitos, Bernardo vendeu quanto tinha e repartiu o produto entre os pobres. Pedro de Cataneo, cônego da catedral de Assis, pediu também a Francisco que lhe admitisse como discípulo e o santo lhes "concedeu o hábito" aos dois juntos, o 16 de abril de 1209.


                    O terceiro companheiro de São Francisco foi o irmão Gil, famoso por sua grande sensatez e sabedoria espiritual. Em 1210, quando o grupo contava e a com doze membros, Francisco relatou uma regra breve e informal que consistia principalmente nos conselhos evangélicos para alcançar a perfeição.


                    Com ela se foram a Roma apresentá-la para aprovação de Sumo Pontífice. Viajaram a pé, cantando e rezando, cheios de felicidade, e vivendo das esmolas que as gentes lhes davam. Em Roma não queriam aprovar esta comunidade porque lhes parecia demasiado rígida quanto a pobreza, mas ao fim um cardeal disse: "Não lhes podemos proibir que vivam como mandou Cristo no evangelho". Receberam a aprovação, e voltaram a Assis a viver em pobreza, em oração, em santa alegria e grande fraternidade, junto a Igreja da Porciúncula.


                     Inocêncio III se mostrou adverso ao principio. Por outra parte, muitos cardeais opinavam que as ordens religiosas e a existentes necessitavam de reforma, não de multiplicação e que a nova maneira de conceber a pobreza era impraticável. O cardeal João Colonna achegou em favor de Francisco que sua regra expressava os mesmos conselhos com que o Evangelho exortava a perfeição. Mais tarde, o Papa relatou a seu sobrinho, quem a sua vez o comunicou a São boa ventura, que havia visto em sonhos uma palmeira que crescia rapidamente e depois, havia visto a Francisco sustentando com seu corpo a basílica que estava a ponto de cair. Cinco anos depois, o mesmo Pontífice teria um sonho semelhante a propósito de Santo Domingo. Inocêncio III mandou, pois, chamar a Francisco e aprovou verbalmente sua regra; em seguida lhe impôs o corte dos cabelos, assim como aos seus companheiros e lhes deu por missão pregar a penitência.


A Porciúncula


                    São Francisco e seus companheiros se mudaram provisoriamente a uma cabana, fora de Assis, de donde saiam a pregar por toda a região. Pouco depois, tiveram dificuldades com um camponês que reclamava a cabana para usá-la como estábulo de seu asno. Francisco respondeu: " Deus não nos tinha chamado a preparar estábulos para os asnos", e em seguida abandonou o lugar e partiu para ver o abade de Monte Subasio. Em 1212, o abade deu a Francisco a capela da Porciúncula, na condição de que a conservasse sempre como a Igreja principal da nova ordem. O santo se negou a aceitar a propriedade da capela e apenas a admitiu emprestada. Em prova de que a Porciúncula continuava como propriedade dos beneditinos, Francisco lhes enviava cada ano, a maneira de recompensa pelo préstimo, uma cesta de pescados colhidos no riacho vizinho. Por seu parte, os beneditinos correspondiam enviando-lhe um tonel de azeite. Tal costume ainda existe entre os franciscanos de Santa Maria dos Anjos e os beneditinos de São Pedro de Assis.


                    Ao redor da Porciúncula, os frades construíram várias cabanas primitivas, porque São Francisco não permitia que a ordem em geral e os conventos em particular, possuíssem bens temporais. Havia feito da pobreza o fundamento de sua ordem e seu amor a pobreza se manifestava em sua maneira de vestir-se, nos utensílios que usava em cada um de seus atos. Costumava chamar a seu corpo "o irmão asno", porque o considerava como feito para transportar carga, para receber golpes e para comer pouco e mal.


                    Quando via ocioso a algum frade, lhe chamava "irmão mosca" porque em vez de cooperar com os demais atrapalhava o trabalho dos outros. Pouco antes de morrer, considerando que o homem está obrigado a tratar com caridade a seu corpo, Francisco pediu perdão ao seu corpo por ter o tratado talvez com demasiado rigor. O santo se havia oposto sempre as austeridades indiscretas e exageradas. Em certa ocasião, vendo que um frade havia perdido o sono por causa de excessivo jejum, Francisco lhe levou alimento e comeu com ele para que se sentisse menos mortificado.


Deus lhe outorga sabedoria.


                    A princípio de sua conversão, vendo se atacado de violentas tentações de impureza, saia a deitar-se desnudo sobre a neve. Certa vez em que a tentação foi todavia mais violenta que de costume, o santo se disciplinou furiosamente; como isso não bastasse para acabar com ela, acabou por rolar sobre as sarças e os abrolhos. Sua humildade não consistia simplesmente em um desprezo sentimental de si mesmo, mas sim na convicção de que "ante os olhos de Deus o homem vale pelo que é e não mais". Considerando se indigno do sacerdócio, Francisco apenas chegou a receber o diaconato.


                    Detestava de todo coração as singularidades. Assim quando lhe contaram que um dos frades era tão amante do silêncio que apenas se confessava por sinais, respondeu com desgosto: "Isso não procede do Espírito de Deus mas sim do demônio; é uma tentação e não um ato de virtude ". Deus iluminava a inteligência de seu servo com uma luz de sabedoria que não se encontra nos livros. Quando certo frade lhe pediu permissão de estudar, Francisco lhe contestou que, se repetisse devoção o "glória Patri", chegaria a ser sábio aos olhos de Deus e ele mesmo era o melhor exemplo da sabedoria adquirida dessa forma.


A Natureza


                    Seus contemporâneos falam com freqüência do carinho de Francisco pelos animais e do poder que tinha sobre eles.


Aventura de amor com Deus


                    Os primeiros anos da ordem em Santa Maria dos anjos foram um período de treinamento na pobreza e na caridade fraternas. Os frades trabalhavam em seus ofícios e nos campos vizinhos para ganhar o pão de cada dia. Quando não havia trabalhou suficiente, saiam a pedir esmola de porta em porta; mas o fundador lhes havia proibido que aceitassem dinheiro. Estavam sempre prontos a servir a todo o mundo, particularmente aos leprosos. São Francisco insistia em que chamassem aos leprosos "meus irmãos cristãos" e aos enfermos não deixavam de prestar esta profunda delicadeza.


Santa Clara


                    Clara havia partido de Assis para seguir a Francisco, na primavera de 1212, depois de ouvi-lo pregar. O santo conseguiu estabelecer a Clara e suas companheiras em São Damião, e a comunidade de religiosas chegou a ser, para os franciscanos, o que as monjas de Prouile haviam de ser para os dominicanos.


Evangeliza aos maometanos


                     No outono desse ano, Francisco, não contente com tudo o que havia sofrido e trabalhado pelas almas na Itália, resolveu ir evangelizar aos maometanos. Assim pois, se embarcou em Ancona com um companheiro rumo a Síria; mas uma tempestade fez naufragar a nave na costa de Dalmacia. Como os frades não tinham dinheiro para prosseguir a viajem se viram obrigados a esconder se furtivamente em um navio para voltar a Ancona. Depois de pregar um ano no centro de Itália, São Francisco decidiu partir novamente a pregar aos maometanos em Marrocos. Mas Deus tinha disposto que não chegasse nunca a seu destino: o santo caiu enfermo na Espanha e, depois, teve que retornar a Itália.


A humildade e Obediência


                    São Francisco deu a sua ordem o nome de "Frades Menores" por humildade, pois queria que seus irmãos fossem os servos de todos e buscassem sempre os lugares mais humildes. Com freqüência exortava a seus companheiros ao trabalho manual e, se bem lhes permitia pedir esmola, lhes tinha proibido que aceitassem dinheiro. Pedir esmola não constituía para ele uma vergonha, era uma maneira de imitar a pobreza de Cristo. O santo não permitia que seus irmãos pregassem em uma diocese sem permissão expressa do Bispo. Entre outras coisas, dispôs que "se algum dos frades se apartava da fé católica em obras ou palavras e não se corrigia, deveria ser expulsado da irmandade". Todas as cidades queriam ter o privilégio de albergar aos novos frades, e as comunidades se multiplicaram na Umbria, Toscana, Lombardia e Ancona.


Cresce a ordem


                    Se conta que em 1216, Francisco solicitou do Papa Honório III a indulgência da Porciúncula o "perdão de Assis ". No ano seguinte, conheceu em Roma a Santo Domingo, quem havia pregado a fé e a penitência no sul da França na época em que Francisco era "um gentil homem de Assis ". São Francisco tinha também a intenção de ir pregar na França. Mas, como o cardeal Ugolino (quem foi mais tarde Papa com o nome de Gregório IX) lhe dissuadiu disso, enviou em seu lugar aos irmãos Pacifico e Agnelo. Este último havia de introduzir mais tarde a ordem dos frades menores na Inglaterra.


                    O sábio e bondoso cardeal Ugolino exerceu uma grande influência no desenvolvimento da ordem. Os companheiros de São Francisco eram tão numerosos, que se imponha forçosamente certa forma de organização sistemática e de disciplina comum. Assim pois, se procedeu a dividir a ordem em províncias, a frente de cada uma das quais se pôs um ministro, encarregado do bem espiritual dos irmãos;se algum deles chegasse a perder se pelo mal exemplo de ministro, este teria que responder por ele ante Jesus Cristo".


                    Os frades haviam cruzado os Alpes e tinham missões na Espanha, Alemanha e Hungria. O primeiro capitulo geral se reuniu na Porciúncula, em Pentecostes do ano de 1217. Em 1219, teve lugar o capitulo "das esteiras", assim chamado pelas cabanas que construíram precipitadamente com esteiras para albergar aos que chegavam. Se conta que se reuniram então cinco mil frades. Francisco lhes insistia em que amassem muitíssimo a Jesus Cristo e a Santa Igreja Católica, e que vivessem com o maior desprendimento possível, e não se cansava de recomendar-lhes que cumprissem o mais exatamente possível tudo o que manda o Santo Evangelho. Recorria campos e povos convidando as pessoas a amar mais a Jesus Cristo, e repetia sempre: 'O Amor não é amado".


                    As pessoas lhe escutavam com especial carinho e se admiravam muito que suas palavras influíam nos corações para entusiasmá-los por Cristo e sua Verdade. Propuseram que pedisse ao Papa permissão para que os frades pudessem pregar em todas as partes sem autorização do Bispo, Francisco respondeu: "quando os Bispos verem que vives santamente e que não tens intenções de atentar contra sua autoridade, serão os primeiros em pedir que trabalheis pelo bem das almas que lhes tem sido confiadas. Considerai como o maior dos privilégios o de não gozar de privilégio algum..." ao terminar o capitulo, São Francisco enviou alguns frades a primeira missão entre os infiéis de Túnis e Marrocos e se reservou para si a missão entre os sarracenos do Egito e Síria. Em 1215, durante o Concílio de Letram, o Papa Inocêncio III havia pregado uma nova cruzada, mas tal cruzada se havia reduzido simplesmente a reforça o Reino Latino do Oriente. Francisco queria empunhar a espada de Deus. São Francisco, foi a terra Santa a visitar em devota peregrinação os Santos Lugares donde Jesus nasceu, viveu e morreu: Belém, Nazaré, Jerusalém, etc. Em lembrança desta piedosa visita sua, os franciscanos estão encarregados desde séculos de custodiar os Santos Lugares da Terra Santa.


Missionário ante o Sultão


                     Em junho de 1219, embarcou em Ancona com doze frades. O navio os conduziu a desembocadura do Nilo. Os cruzados haviam posto sítio a cidade, e Francisco sofreu muito ao ver o egoísmo e os costumes dissolutos dos soldados da cruz. Consumido pelo zelo da salvação dos sarracenos, decidiu passar ao campo do inimigo, por mais que os cruzados lhe dissessem que a cabeça dos cristãos estavam postas a prêmio. Havendo conseguido a autorização, Francisco e o irmão Iluminado se aproximaram ao campo inimigo, gritando: " Sultão, sultão!" quando os conduziram a presença de Malek-al-Kamil, Francisco declarou ousadamente. "Não são os homens quem me tem enviado, mas sim Deus todo poderoso. Venho a mostrar a ti e a teu povo, o caminho da salvação; venho a anunciar as verdades do Evangelho."


                    O sultão ficou impressionado e rogou a Francisco que permanecesse com ele. O santo replicou: "Se vós e teu povo estais dispostos a ouvir a palavra de Deus, com gosto estarei com vocês. E se, todavia vacilais entre Cristo e Maomé, manda acender uma fogueira. Eu entrarei nela com vossos sacerdotes e assim vereis qual é a verdadeira fé. O sultão contestou que provavelmente ninguém dos sacerdotes queria entrar na fogueira e que não podia submetê-los a essa prova para não sublevar o povo. Contam que o Sultão chegou a dizer: ¨se todos os cristãos fosse como ele, então valeria a pena ser cristão¨.


                    Mas o sultão, Malek-al-Kamil, mandou que Francisco voltasse ao campo dos cristãos. Desalentado ao ver o reduzido êxito de sua pregação entre os sarracenos e entre os cristãos, o santo passou a visitar os Santos Lugares. Ali recebeu uma carta na qual seus irmãos lhe pediam urgentemente que retornasse a Itália.


A crises de acomodamento leva a clarificar a regra


                    Durante a ausência de Francisco, seus dois vigários, Mateo de Narnem e Gregório de Nápoles, haviam introduzido certas inovações que pretendia uniformizar os frades menores com as outras ordens religiosas e a enquadrar o espírito franciscano no rígido esquema da observância monástica e das regras ascéticas.


                    As religiosas de São Damião tinham uma constituição própria, relatada pelo cardeal Ugolino sobre a base da regra de São Bento. Ao chegar a Bolonha, Francisco teve a desagradável surpresa de encontrar a seus irmãos hospedados em um esplêndido convento. O santo se negou a por os pés nele e viveu com os frades pregadores. Em seguida mandou chamar ao guardião do convento franciscano, lhe repreendeu severamente e lhe ordenou que os frades abandonassem a casa. Tais acontecimentos tinham aos olhos do santo as proporções de uma verdadeira traição: se tratava de uma crise da qual teria que sair a ordem sublimada ou destruída.


                    São Francisco se trasladou a Roma onde conseguiu que Honório III nomeasse o cardeal Ugolino protetor e conselheiro dos franciscanos, pois ele havia depositado uma fé cega no fundador e possuía uma grande experiência nos assuntos da Igreja. Ao mesmo tempo, Francisco se entregou ardentemente a tarefa de revisar a regra, para o que convocou a um novo capitulo geral que se reuniu na Porciúncula em 1221.


                    O santo apresentou aos de longe a regra revisada. O que se referia a pobreza, a humildade e a liberdade evangélica, característica da ordem, ficava intacto. Ele constituía uma espécie de direito de fundador aos dissidentes e legalistas que, escondidos tramavam uma verdadeira revolução do espírito franciscano. O chefe da oposição era o irmão Elias de Cortona. O fundador havia renunciado a direção da ordem, de sorte que seu vigário, frei Elias, era praticamente o ministro geral. Sem dúvida, não se atreveu a opor-se ao fundador, a quem respeitava sinceramente.


                    Na realidade, a ordem era demasiado grande, como o disse o próprio São Francisco: "Se tivesse menos frades menores, o mundo os veria menos e desejaria que fossem mais". Ao fim de dois anos, durante os quais houve de lutar contra a corrente cada vez mais forte que pretendia modificar a ordem em uma direção que ele não havia previsto e que lhe parecia comprometer o espírito franciscano, o santo empreendeu uma nova revisão da regra.


                    Depois a comunicou ao irmão Elias para que este a passasse aos ministros, mas o documento se extraviou e o santo houve de ditar novamente a revisão ao irmão Leão, em meio ao clamor dos frades que afirmavam que a proibição de possuir bens em comum era impraticável.


                    A regra, tal como foi aprovada por Honório III em 1223, representava substancialmente o espírito e o modo de vida pelo qual havia lutado São Francisco desde o momento em que se despojou de suas ricas vestes ante o Bispo de Assis.


A Terceira Ordem


                    Uns dois anos antes São Francisco e o cardeal Ugolino haviam relatado uma regra para a confraria de leigos que se haviam associado aos frades menores e que correspondia ao que atualmente chamamos terceira ordem, fincada no espírito da "Carta a todos os Cristãos ", que Francisco havia escrito nos primeiros anos de sua conversão.


                   A confraria, formada por leigos entregados a penitência, que levavam uma vida muito diferente da que se acostumava então, chegou a ser uma grande força religiosa na idade Media.


                   No direito canônico atual, os terciários das diversas ordens gozam, todavia de um estatuto especificamente diferente da dos membros das confrarias e congregações marianas.


A Representação de Nascimento de Jesus


                    São Francisco passou o Natal de 1223 em Grecehio, no vale de Rieti. Em tal ocasião, havia dito a seu amigo, João da Velita- "Quisera fazer uma espécie de representação vivente do nascimento de Jesus em Belém, para presenciar, por dizer assim, com os olhos do corpo a humildade da Encarnação e vê-lo recostado no casebre entre o boi e o burrinho". Em efeito, o santo construiu então na ermita uma espécie de cova e os camponeses dos arredores assistiram a Missa da meia noite, na qual Francisco atuou como diácono e pregou sobre o mistério do Natal. Atribui-lhe ter começado naquela ocasião a tradição de "Belém" o "nascimento ".


                    Disse-nos Tomas Celano em sua biografia do santo: "A Encarnação era um componente chave na espiritualidade de Francisco. Queria celebrar a Encarnação de forma especial. Queria fazer algo que ajudasse a gente a recordar ao Cristo menino e como nasceu em Belém". São Francisco permaneceu vários meses no retiro de Grecehio, consagrado a oração, mas ocultou zelosamente aos olhos dos homens as graças especialíssimas que Deus lhe comunicou na contemplação.


                    O irmão Leon, que era seu secretário e confessor, afirmou que lhe havia visto várias vezes durante a oração elevar-se tão alto sobre o solo, que apenas podia alcançar-lhe os pés e, em certas ocasiões, nem sequer isso.


Os Estigmas


                      Perto da festa da Assunção de 1224, o santo se retirou ao Monte Alvernia e construiu ali uma pequena cela. Levou consigo ao irmão Leon, mas proibiu que fossem visitar-lhe até depois da festa de São Miguel. Ali foi onde teve lugar, próximo de dia da Santa Cruz de 1224, o milagre dos estigmas, de que falamos no 17 de setembro. Francisco tratou de ocultar aos olhos dos homens os sinais da paixão de Senhor que tinha impressas no corpo; Por ele, a partir de então levava sempre as mãos dentro das mangas do hábito e usava meias e sapatos. Sem dúvida, desejando o conselho de seus irmãos, comunicou o sucedido ao irmão Iluminado e alguns outros, mas escondeu que lhe haviam sido reveladas certas coisas que jamais descobriria homem algum sobre a terra.


                    Em certa ocasião em que se achava enfermo, alguém propôs que se lhe lesse um livro para distrair. O santo respondeu: "Nada me ajudai tanto como a contemplação da vida e paixão do Senhor. Ainda que tivesse que viver até o fim de mundo, com somente esse livro me bastaria. Francisco havia se enamorado da santa pobreza enquanto contemplava a Cristo crucificado e meditava na nova crucificação que sofria na pessoa dos pobres. O santo não desapreciava a ciência, mas não a desejava para seus discípulos. Os estudos apenas tinham razão de ser para Deus como um fim e apenas podiam aproveitar aos frades menores, se não lhes impe dizem de consagrar a oração um tempo.


                    Francisco se aborrecia dos estudos que alimentavam mais a vaidade que a piedade, porque impediam a caridade e secavam o coração. Sobre todo, temia que a senhora ciência se convertesse em rival da dama Pobreza. Vendo com quanta ansiedade que acudiam as escolas e buscavam os livros seus irmãos, Francisco exclamou em certa ocasião: "Impulsionados pelo mal espírito, meus pobres irmãos acabaram por abandonar o caminho da sensatez e da pobreza". Antes de sair de Monte Alvernia, o santo compôs o "Hino de adoração ao Altíssimo ". Pouco depois da festa de São Miguel desceu finalmente ao vale, marcado pelos estigmas da paixão e curou aos enfermos que saíram atrás dele.


A irmã morte


                    As quentes areias do deserto do Egito afetaram a vista de Francisco até o ponto de estar quase completamente cego. Os dois últimos anos da vida de Francisco foram de grandes sofrimentos. Fortes dores devido à deterioração de muitos de seus órgãos (estômago, fígado e o baço), conseqüências da malária contraída no Egito. Nas mais terríveis dores, Francisco oferecia a Deus tudo como penitência, pois se considerava grande pecador e para a salvação das almas. Era durante sua enfermidade e dor onde sentia a maior necessidade de cantar. Sua saúde ia piorando, os estigmas lhe faziam sofrer e lhe debilitavam e quase havia perdido a visão. No verão de 1225 esteve tão enfermo, que o cardeal Ugolino e o irmão Elias lhe obrigaram a por-se em mãos do médico do Papa em Rieti. O santo obedeceu com sensatez. No caminho a Rieti foi a visitar a Santa Clara no convento de São Damião.


                    Ali, em meio dos mais agudos sofrimentos físicos, escreveu o "Cântico do irmão Sol" e o adaptou a uma toada popular para que seus irmãos pudessem cantá-lo. Depois se trasladou a Monte Rainerio, onde se submeteu ao tratamento brutal que o médico lhe havia prescrito, mas a melhora que ele lhe produziu foi apenas momentânea. Seus irmãos lhe levaram então a Siena a consultar a outros médicos, mas o santo estava moribundo.


                    No testamento que ditou para seus frades, lhes recomendava a caridade fraterna, os exortava a amar e observar a santa pobreza e a amar e honrar a Igreja. Pouco antes de sua morte, ditou um novo testamento para recomendar a seus irmãos que observassem fielmente a regra e trabalhassem manualmente, não pelo desejo de lucro, mas sim para evitar a ociosidade e dar bom exemplo. "Se não nos pagam nosso trabalho, acudamos a mesa do Senhor, pedindo esmola de porta em porta".


                    Quando Francisco voltou a Assis, o Bispo lhe hospedou em sua própria casa. Francisco rogou aos médicos que lhe dissessem a verdade, e estes confessaram que apenas lhe restava umas semanas de vida. " Bem vinda, irmã Morte!", exclamou o santo em seguido, pediu que lhe transportassem a Porciúncula. Pelo caminho, quando a comitiva se achava no cume de uma colina, da qual se via o panorama de Assis, pediu aos que portavam a cama que se detivessem um momento e então voltou seus olhos cegos em direção a cidade e implorou as benções de Deus para ela e seus habitantes.


                    Depois mandou aos irmãos que se apressassem a levá-lo a Porciúncula. Quando sentiu que a morte se aproximava, Francisco enviou um mensageiro a Roma para chamar a nobre dama Giacoma di Setesoli, que havia sido sua protetora, para rogar lhe que trouxesse consigo alguns círios e um pano para a mortalha, assim comeu uma porção de um pastel que ele gostava muito. Felizmente, a dama chegou a Porciúncula antes que o mensageiro partisse.


                    Francisco exclamou: " Bendito seja Deus que nos tinha enviado a nossa irmã Giacoma! a regra que proíbe a entrada das mulheres não afeta a nossa irmã Giacoma. Diga-lhe que entre". O santo enviou uma última mensagem a Santa Clara e a suas religiosas e pediu a seus irmãos que entoassem os versos do "cântico de Sol" enquanto esperava a morte. Em seguida rogou que lhe trouxessem um pão e o repartiu entre os presentes em sinal de paz e de amor fraternal dizendo: "Eu tenho feito quanto pude de minha parte, que Cristo os ensine a fazer o que está da vossa".


                    Seus irmãos lhe estenderam por terra e lhe cobriam com um velho hábito. Francisco exortou a seus irmãos ao amor de Deus, da pobreza e do Evangelho, "por encima de todas as regras", e bendisse a todos seus discípulos, tanto aos presentes como aos ausentes. Morreu no dia três de outubro de 1226, depois de escutar a leitura da Paixão do Senhor segundo São João. Francisco havia pedido que lhe sepultassem no cemitério dos criminosos de Cole d'lnferno.


                    Em vez de fazer assim, seus irmãos levaram no dia seguinte o cadáver em solene procissão a Igreja de São Jorge, em Assis. Ali esteve depositado até dois anos depois da canonização. Em 1230, foi secretamente trasladado a grande basílica construída pelo irmão Elias. O cadáver desapareceu da vista dos homens durante seis séculos, até que em 1818, após cinqüenta e dois dias de busca, foi descoberto sob o altar mor, a vários metros de profundidade. O santo não tinha mais que quarenta e quatro ou quarenta e cinco anos ao morrer.


Rio, 14/11/2010.
Emmanuel Avelino.
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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

EM QUEM VOTA RAQUEL DE QUEIROZ ...

Autora: Raquel de Queiroz


“Não sei se vocês têm meditado como devem no funcionamento do complexo maquinismo político( seja: as encenações teatrais de governantes, que também podem ser traduzidas como fingimento, simulação, ostentação, fanfarrice, etc.) que se chama govêrno democrático, ou govêrno do povo. Em política a gente se desabitua de tomar as palavras no seu sentido imediato.”


“No entanto, talvez não exista, mais do que esta, expressão nenhuma nas línguas vivas que deva ser tomada no seu sentido mais literal: govêrno do povo. Porque, numa democracia, o ato de votar representa o ato de FAZER O GOVÊRNO.”


“Pelo voto não se serve a um amigo, não se combate um inimigo, não se presta ato de obediência a um chefe, não se satisfaz uma simpatia. Pelo voto a gente escolhe, de maneira definitiva e irrecorrível, o indivíduo ou grupo de indivíduos que nos vão governar por determinado prazo de tempo.”


“Escolhem-se pelo voto aquêles que vão modificar as leis velhas e fazer leis novas – e quão profundamente nos interessa essa manufatura de leis! A lei nos pode dar e nos pode tirar tudo, até o ar que se respira e a luz que nos alumia, até os sete palmos de terra da derradeira moradia.”


“Escolhemos igualmente pelo voto aquêles que nos vão cobrar impostos e, pios ainda, aquêles que irão estipular a quantidade dêsses impostos. Vejam como é grave a escolha dêsses “cobradores”. Uma vez lá em cima podem nos arrastar à penúria, nos chupar a última gota de sangue do corpo, nos arrancar o último vintém do bolso.”


“E, por falar em dinheiro, pelo voto escolhem-se não só aquêles que vão receber, guardar e gerir a fazenda pública, mas também se escolhem aquêles que vão “fabricar” o dinheiro. Esta é uma das missões mais delicadas que os votantes confiam aos seus escolhidos.”


“Pois, se a função emissora cai em mãos desonestas, é o mesmo que ficar o país entregue a uma quadrilha de falsários. Eles desandam a emitir sem conta nem limite, o dinheiro se multiplica tanto que vira papel sujo, e o que ontem valia mil, hoje não vale mais zero.”


“Não preciso explicar muito este capítulo, já que nós ainda nadamos em plena inflação e sabemos à custa da nossa fome o que é ter moedeiros falsos no poder.”


“Escolhem-se nas eleições aquêles que têm direito de demitir e nomear funcionários, e presidir a existência de todo o organismo burocrático. E, circunstâncias mais grave e digna de todo o interesse: dá-se aos representantes do povo que exercem o poder executivo o comando de todas as fôrças armadas: o exército, a marinha e aviação, as polícias.”


“ E assim, amigos, quando vocês forem levianamente levar um voto para o Sr. Fulaninho que lhes fez um favor, ou para o Sr. Sicrano que tem tanta vontade de ser governador, coitadinho, ou para Beltrano que é tão amável, parou o automóvel, lhe deu uma carona e depois solicitou o seu sufrágio – lembrem-se de que não vão proporcionar a esses sujeitos um simples emprego bem remunerado.”


“Vão lhes entregar um poder enorme e temeroso, vão fazê-los reis; vão lhes dar soldados para eles comandarem – e soldados são homens cuja principal virtude é a cega obediência às ordens dos chefes que lhes dá o povo. Votando, fazemos dos votados nossos representantes legítimos (legítimos aqui significando que nós eleitores é quem tornamos o poder que detêm esses indivíduos, real, verdadeiro, legítimo. Não querendo aqui se dizer, que é o que se denota à primeira vista, que por terem recebido o nosso voto, e não honrando as promessas e compromissos de campanha, possam tais pessoas se dizerem nossos legítimos representantes), passando-lhes procuração para agirem em nosso lugar como se nós próprios fôssem.”


“Entregamos a êsses homens tanques, metralhadoras, canhões, granadas, aviões, submarinos, navios de guerra – e a flor da nossa mocidade, a eles presa por um juramento de fidelidade.”( o juramento de fidelidade aqui inserido pela autora, significando a manifestação profunda de nossa consciência em ser fiel às aspirações e esperanças, de mudanças e melhoras, vislumbradas na pessoa daquele em quem decidimos votar). E tudo isso pode se virar contra nós e nos destruir, como o monstro Frankenstein se virou contra o seu amo e criador.”


“Votem, irmãos, votem. Mas pensem bem antes. Votar não é assunto indiferente, é questão pessoal, e quanto! Escolham com calma, pesem e meçam os candidatos, com muito mais paciência e desconfiança do que se estivessem escolhendo uma noiva.”


“Porque, afinal, a mulher quando é ruim, dá-se uma surra, devolve-se ao pai, pede-se desquite. E o governo, quando é ruim, ele é que nos dá a surra, ele é que nos põe na rua, tira o último pedaço de pão da boca dos nossos filhos e nos faz apodrecer na cadeia. E quando a gente não se conforma, nos intitula de revoltoso e dá cabo de nós a ferro e fogo.”


“E agora um conselho final, que pode parecer um mau conselho, mas no fundo é muito honesto. Meu amigo e leitor ( pode-se, também aqui, se referir ao eleitor), se você estiver comprometido a votar com alguém, se sofrer pressão de algum poderoso para sufragar este ou aquêle candidato, não se preocupe. Não se prenda infantilmente a uma promessa arrancada à sua pobreza, à sua dependência ou à sua timidez. Lembre-se de que o voto é secreto.”


“Se o obrigam a prometer, prometa. Se tem medo de dizer não, diga sim. O crime não é seu, mas de quem tenta violar a sua livre escolha. Se, do lado de fora da seção eleitoral, você depende e tem medo, não se esqueça de que DENTRO DA CABINE INDEVASSÁVEL VOCÊ É UM HOMEM LIVRE. Falte com a palavra dada à fôrça, e escute apenas a sua consciência. Palavras o vento leva, mas a consciência não muda nunca, acompanha a gente até o inferno”.


OBSERVAÇÃO.: A matéria que acima transcrevemos em memória a essa genial Escritora, foi publicada em 11 de janeiro de 1947, na Revista o Cruzeiro. Os fatos abordados há 63 anos são tão atuais que parece que a escritora ainda está viva e que a matéria fora publicada um dia antes das eleições de 03 de outubro de 2010.


P S o destaque feito em itálico é nosso. Respeitamos as regras gramaticais  da época.


Rio de Janeiro, 07/10/2010.

Emmanuel Avelino.
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O ESPÍRITO NÃO ENGANA

                    O que desejamos transmitir com o título deste artigo, é que acima de tudo e fundamentalmente, somos ESPÍRITOS, vivos desde a sua criação e ad aeternum, assim o quer quem o criou. Não adianta querer tapar o sol com a peneira que não se conseguirá. A humanidade está devendo a si mesma – humanidade essa entendida como sendo este universo de seres espirituais que habitam o cosmo e em particular o planeta terra – uma satisfação à consciência dos espíritos que a constituem, mas que especialmente àqueles que têm como meta e destino a EVOLUÇÃO, seja ela material, mental, espiritual.


                    Não há como escapar deste destino, uma vez colocado o pé na estrada, em sua caminhada irreversível como individualidade espiritual, criada pelo determinismo cósmico e suas leis naturais e eternas sob a observação e a mão construtora do criador de tudo, DEUS !


                    Se deslocarmos o eixo da coisa para o nosso lado e as circunstância que nos envolve, podemos nos arriscar em afirmar que o nosso mundo existencial no qual estamos aportado atualmente, está sofrendo as conseqüências do que fizera e do que plantou para si mesmo. Me refiro ao nosso país o Brasil...


                    Observem o viés histórico desse continente territorial, como surgimos no cenário mundial, quem nos colocou neste contexto de nações e povos, qual o potencial material, mental e espiritual das individualidades que nos conduzem por esse corredor do determinismo histórico, dialético, cultural, geopolítico, étnico. Queiram ou não, aceitem ou não, quem nos conduz por estes caminhos materiais, existenciais, são os espíritos daqueles que já foram, voltam a ser e que serão sempre os condutores dos nossos destinos, do nosso porvir.


                    A grande dúvida o grande mistério é saber que tipo de espírito, que espécie de mentalidade e que grau de evolução possui o espírito daquele que está a nos dirigir em um determinado momento histórico. Possivelmente se observarmos o comportamento moral e ético desta personalidade, chegaremos a vislumbrar a resposta para a grande dúvida e estaremos bem perto de desvendar o grande mistério. Como dissemos acima, no título desta matéria, ao espírito não se engana.


                    Se a humanidade se desse ao dever e ao respeito de si própria de não mais ser ignorante, especialmente sobre tema tão fundamental à sua própria condição evolutiva – evolução aqui sob todos os aspectos – jamais deixaria de buscar os esclarecimentos indispensáveis para desvendar tais mistérios e acabar com as suas dúvidas.


                    Há um caminho, leiam tudo o que quiserem, mesmo sem compromisso, sobre o ESPIRITISMO. Haja sem radicalismo, mas com racionalidade, eis que o espiritismo é uma filosofia, uma ciência e uma religião, racional, onde se permite questionar tudo e todos, sem que isto possa se constituir num acinte.


                    Dito isto, analisemos o que ocorre atualmente com o Brasil e seus dirigentes políticos. Estamos mergulhados e atravessando um turbilhão de energias altamente comprometedoras, tais energias são demonstradas pelo que denominamos de idéias, opiniões, posturas, ações e pensamentos das individualidades constituídas pelos seres humanos, os homens da realidade histórica.


                    O planeta terra num todo está vivendo uma crise de personalidades e valores morais dessas tais pessoas. São espíritos altamente comprometidos com o atraso intelectual e moral da espécie humana. São espíritos extremamente agarrados aos valores materiais, ao aspecto grotesco do oportunismo barato da aquisição do poder a todo e qualquer custo, desde que a paga do valor deste custo não lhe seja computado no seu saldo bancário.


                    Ou seja, ninguém a bem da verdade está disposto a pagar a conta histórica dos maus atos praticados contra o nosso processo civilizatório. Mas, não há como dizer que as individualidades espirituais que nos dirigem, são quase todas de espíritos altamente comprometidos com seus passados encarnatórios, e que tais passados os tornaram tendenciosos e pernósticos, porque são totalmente despreparados, face sua ignorância e simploriedadena condução dos nossos destinos evolutivos.


                    Se observarmos o contexto mundial de personalidades do passado e até do presente, concluiremos que desde a Rússia, Alemanha, África, América do Norte, América do Sul, Oriente Médio, etc., sobejam exemplos e provas de tais individualidades espirituais.


                    O Brasil, Pátria do Evangelho e Coração do Mundo, está passando nestas últimas décadas por um processo depuratório, em que tais indivíduos altamente comprometidos e comprometedores, devem ser purificados, muito embora tenham que arder no fogo das suas consciências implicadas, mas o processo é irreversível, porque indispensável à limpeza da nossa psicosfera e à melhora mental, material e espiritual dos Espíritos impuros e imperfeitos que o habitam.


                    Todos nós sabemos disso, quem não o sabe ou diz não saber, todavia sente, percebe, intui o que se passa no contexto como um todo. Ao Espírito não se engana. O homem, tolo que é pensa que consegue desvirtuar a realidade dos fatos, esquecendo o mesmo que dentro dele habita insofismavelmente o ESPÍRITO.


Rio de Janeiro, 21/12/2006.
Emmanuel Avelino.
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CARTA DO ALÉM...


Meu prezado Irmão, Eraldo.

                    Eraldo, você está bem!?... Isso meu irmão, procure estar bem! Estar bem consigo mesmo e com a sua consciência!.. Olhe as crianças, elas merecem o nosso apreço, o nosso respeito e o nosso exemplo... São elas que deverão nos seguir naquilo em que as exemplificamos, e que constrói os seus futuros.

                    O que dizer aos nossos, os quais deverão nos seguir como exemplo e parâmetros, se não temos nada a dizer a nós mesmo?...Hein?...Como vamos colocar a cabeça no travesseiro e dormir sossegados, se temos uma mente fervilhando de maus pensamentos e idéias destruidoras sobre tudo o que desejamos para os nossos próprios irmãos e companheiros de jornada...

                    Como viver bem e com saúde, harmonia, equilíbrio, paz, fraternidade, respeito, dignidade, amor próprio e ao próximo, se não tratarmos sempre disso, ou seja, se não dispensarmos aos nossos, aos que estão obrigatoriamente em volta de nós, aquilo que queremos e exigimos que nos seja dispensado?...

                    A sua vida, se procurar e agir dessa forma, para agradar aos seus humores e aos seus calibres e teimosias, poderá ser e se transformar num inferno mental, astral, onde só se pensa em destruir e eliminar aos seus próximos e aparentes adversários e inimigos.

                    Eraldo olhe as crianças que ainda somos e que relutamos em não deixarmos de ser!... Ainda estamos a solicitar e requerer bubus e chupetas, afagos e mamadeiras... Oh!... Deus, como seria bom, se nos déssemos por conta de tudo isso; de que ainda estamos nos cueiros e que, portanto precisamos muito mais dos outros, somos tão carentes dos outros, e não podemos e nem devemos estar sempre estrebuchando, esperneando e pisando de propósito em tudo que encontramos à nossa frente.

                    Estou, pois, colocando no papel, doravante, o que me for necessário lhe dizer, pois será um documento que me servirá de bússola a ser observada e me servirá também de prova para demonstrar minhas idéias e intenções, caso os fatos requeiram e para que a minha consciência possa dormir sossegada, contra qualquer alegação de injustiça que me seja dirigida, por quem não tenha consciência dos fatos ocorridos.

                     Siga, meu irmão, o caminho da luz interior, procure a senda do bem, freqüente a casa da bondade, da caridade, da misericórdia de Deus. Siga os bons mentores espirituais, não freqüente locais de baixo astral, você e nem os seus que os envolvem nesse mundo de complicações mentais, espirituais, morais que o comprometem sobre todos os aspectos e em todos os sentidos.

                    Falo assim porque é você mesmo quem diz, que entre você e os seus não existem segredos, aos quais você se dê ao luxo de se reservar única e exclusivamente para você mesmo...

                    Portanto mostre a todos os seus o que você acaba de ler e saber, de como as pessoas o vêem e o consideram e o respeitam e desejam a sua melhora como ser humano, moral e espiritual.

                    Siga, pois, se for verdadeiramente o seu ideal e a melhora material e o progresso dos que lhes são muitos caros, siga sempre o caminho do bem, do amor ao próximo, do respeito aos que estão em sua volta, e que não lhes desejam um pingo sequer de mal, e o mal que em todos você vê e procura encontrar, só existe pura e simplesmente na sua idéia, nos seus pensamentos e na sua desconfiança até da própria sombra...

                    Agora, pare com essa sua infantilidade ou ela vai acabar parando com os seus ideais, os seus sonhos... Você não pode esquecer que foi dessa forma, através de uma carta, várias cartas, pedidos e solicitações, que você me intimou a lhe ajudar, compreendendo a difícil situação que você até então se encontrava.

                    Não tenha dúvidas de que esse e outros pedidos que nos foram solicitados servirão de elementos chaves para sempre atender àqueles que me pedem uma palavra e uma ação fraterna, pronta como sempre esteve a todos.

                    Espero que você compreenda muito bem o que acabas de ler... Tente, mas tente mesmo, se enquadrar neste perfil, neste modo de viver e de ver as coisas, porque senão são as coisas que se voltarão contra você, independentemente da minha vontade, da dos seus e da sua própria.

                    A avalanche não começa no pico da montanha de gelo. Ela se dar e começa verdadeiramente, no interior da própria montanha. Ou você enche o seu coração de bondade, ou ele explodirá de tanto desejar e pensar no mau que o assola e o consome.

                    Que DEUS tome conta dos seus passos...

Natal, 20/01/2006.
Emmanuel Avelino.
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UM CONTO SEM PONTO



          Acontece que durante 22 anos a convivência nossa fora dentro dos trâmites vivenciais, normais sem qualquer percalço de idéias e relacionamento
          Por ocasião do desenrolar desse percurso em nossas vidas, tivemos todos os tipos de entendimentos e como não somos anormais, tivemos também vários desentendimentos
          Nada disso foi além do trivial, do esperado do aceito pelo comportamento racional das pessoas
          Vividos foram os dias os fatos as coisas da vida onde nos sentíamos bem, muito bem, bem mesmo
          Viajávamos mundo a fora, mas em especial no nosso torrão brasillis que tanto conhecemos e amamos
          Já estava com mais de cinco anos na idade e pilotávamos juntos, era o meu co-piloto, alertava, opinava, mandava, até isso tudo era para nós maravilhoso, uma felicidade só o que nos ligava como irmãos nos mesmos sonhos, na mesma harmonia de vida e amor
          Foram anos, foram décadas de muita satisfação e congraçamento fraterno, como se estivéssemos rememorando outras vidas, outros passados deixados incompletos e que nos empenhávamos por completá-los a qualquer custo
          Tudo se apresentava redondo, perfeito e acabado, como se não faltasse nada para que nos sentíssemos realizados em nossos projetos de vida e em especial daquele ser que por força da natureza nos haveria de suceder em tudo o que até então fizéramos, conquistáramos e até onde chegáramos Era uma satisfação só, total e imorredoura que nos invadia a alma, o ser o espírito
          Nada poderia nos representar, ou seja não haviam palavras que pudessem traduzir o quanto nos sentíamos realizados, até então, com o que havíamos idealizado para o nosso futuro pessoal e dos nossos descendentes
          As palavras são pobres, muito pobres, nessas ocasiões, para traduzir os nossos sentimentos e as nossas emoções quando se trata daqueles que nos são muito caros e que moram no mais profundo do nosso coração e da nossa alma
          Vejam, nada paga, ou melhor não existe preço que recompense um olhar puro e amável de um ser seu filho, inoculado na sua alma pela janela da própria que são seus olhos.
          Nada, nada, é mais transcendente e maravilhoso do que esse olhar ingênuo, despretensioso, puro – porque próximo de Deus – que nos deixa em êxtase completo, ao ponto de nos deixar abobalhado diante de tamanha gracitude
          Pois, como disse não existem palavras, por isto a criamos
          Nada é mais sonoro que ouvir transitar nos corredores da alma, do que aquele grito que nem fere o tímpano, do seu filho chamando P A I
          Ainda hoje durmo e desperto, sonho e desejo, me sinto realizado e feliz quando escuto falar, ao chegar e fechar aporta, P A I
          Ah, se todos soubessem o que isso importa, o quanto é confortador, reparador, o que isso significa para as nossas vidas, ah, se todos soubessem
          Mas, os fatos continuam o seu desenrolar ante os dias de nossas vidas, só para nos provar – ou provocar, é verdade – que estamos pronto e preparados para os embates da própria vida
          Somos pegos e surpreendidos constantemente com situações inusitadas, intrigantes, inaceitáveis, mas somos sem sombra de dúvidas chamados a provar a nossa coerência, a nossa paciência o nosso amor à causa da paternidade
          Da criança imatura e ingênua passamos para criança esperta, desenvolta, olhar perscrutativo que descobre e questiona tudo, inclusive nos colocar em cheque e se alevanta cheia de moral dizendo que também sabe das coisas, e até nos incomoda no bom sentido
          Achamos bonito, ele estar mostrando que não é nenhum tolo, encara situações às vezes impróprias para a sua idade, mas sabemos que no fundo no fundo, estão contando com a nossa ajudinha, quando a coisa pegar, verdade
          Patrocinamos desde os primeiros passos, continuamos apostando nos passos seguintes e estamos dispostos a não arredar os pés em qualquer situação e a qualquer tempo, em se tratando do nosso filho
          Sempre acreditamos que este ser especial que demos oportunidade de habitar conosco nesta existência, deva ser algo muito especial e respeitado o qual tratamos como se fosse um biscuit que ao mais leve toque pode ser quebrado, horrível essa idéia esse pensamento, mas constantemente conduzimos as coisas para este lado da vida dos seres que protegemos e amamos
          Eles nem sempre, a partir de uma certa idade, estão de acordo com esses pontos de vista e com as nossas opiniões
          Aí, já lá em pouca idade, segunda infância, começa o desconjuntamento, a desunião dos conceitos, nossos e deles que começam a ter idéias próprias e a peitar postos de decisão das coisas, do que se quer e do que não se quer, e vai até o ponto de se chegar a negociação necessária à sobrevivência da harmonia entre os seres humanos
          Continuamos nos relacionando, divertindo, viajando, brincando, ralando e tudo o mais que a nossa convivência amiga permite
          Somos parceiros e topamos qualquer parada para mostrarmos um ao outro que, se depender de nós a coisa funciona, ainda que seja na marra
          Passamos algumas noites mal dormidas, um olhando para o outro que arde de febre, choraminga, cochila e dorme mas já estar despertando novamente a qualquer tossida ou pigarro que o cansaço provoque pela vigília ao pé daquele moleque que é a nossa vida
          Quem dirá que não estaríamos dispostos a suportar tudo novamente para ter aquele serzinho indene mas nosso nos provocando a ter que provar a nossa resistência em situações as mais diferentes possíveis para assistir um sorriso seu nos agraciando a sua vontade consentida
          Podemos dizer que tudo isso era feito em nome da nossa convivência e do nosso apreço e apego um pelo outro
          Parece até que continuo ouvindo aquela frase que um falava para o outro: papai chegou, o filhinho melhorou, sempre que a criança estava acometida, abatida e prostrada por uma virose que a jogava deitada sobre um leito gemendo de dor
          Foram vários e vários anos convividos na nossa intimidade, um acalentando o outro, apesar da diferença de idade que nos separava e nos marcava os dias existenciais
          Nós observávamos isso, num olhar reflexivo, pelo canto dos olhos, percebíamos a satisfação que cada um em si sentia por agradar e fazer feliz o outro, que de alma cheia sorria mas deixava extravasar e cair gotas felizes de lágrimas que lavava o nosso peito amigo, a nossa cumplicidade fraterna, paterna, divina
          Podemos dizer que não há palavras para traduzir tais momentos que só a nossa alma tem o condão de conhecer as palavras que possam traduzir o que um pai sente pelo seu filho quando o ama, respeita e adora, como sempre falamos nos momentos mais sublimes para o nosso entezinho querido: papai te adora, filhinho
          Cresceu o pupilo e agora se sente um homenzinho, sai mas pede para sair, que vai com os amigos ao aniversario do amigo, que vai chegar mais tarde, até as dez estará em casa
          Acompanhamos ansiosos, inquietos, com insônia, despertamos por tudo que provoque pequeno barulho, chegou, será que é ele, o elevador parou no andar espera ouvir seus passos, a porta bateu, saiu, era o vizinho que chegou, já passam das onze, ainda não é ele
          Oh! Quantas foram as vezes que pudemos nos encontrar passando por situações idênticas, noites mal dormidas, ruminadas esperando o fruto do nosso sonho, às vezes em sonho mesmo o víamos chamando e tocando a campanhinha, levantávamos correndo e na porta olhávamos no visor e ninguém, era mesmo um sonho de ansiedade e de espera angustiante
          Mas ele chegava e às vezes extrapolava o limite estabelecido para o combinado, nós não tínhamos coragem para nos impor e ralhar, brigar no bom sentido de que o combinado é o combinado, e a situação vai se avolumando e toma conta de suas palavras que já não conseguem sair do peito e o moleque esperto percebe e toma conta da situação e faz o que bem entende e você se perde na suas conjecturas, arranja mil e uma maneiras de cobrar satisfação, bola muitas maneiras de entabular uma conversa, mas se perde e fracassa sempre que o filho desobedece suas orientações e você fracassa e se sentem impotente para cobrar o que ele não tem a menor cerimônia de dizer que: você não pode me proibir de viver a minha vida Então só nos resta nos ensimesmar, colocar a cabeça num buraco sem fim chorar e rezar para que os nossos protetores espirituais olhem e intercedam por todos
          Continuamos fazendo o papel de amigos, sim, até porque nada disso tira a amizade e o amor que um pai devota a um filho seu que apesar de não o respeitar no combinado não deixará de ser aquele ente especial em sua vida
          Ele continua sendo o nosso homemzinho aquele que agora não mais tem tempo para sair ou viajar com você, tem amigos e amiguinhas que o absorvem e tira todo o sem tempo de convivência com a família da qual é fruto e que desta não tem como se desgarrar, ainda que a abandone
          Felizmente, até hoje isso não aconteceu de vermos o nosso filho fora do nosso lar Embora saibamos que não tem faltado incentivos por parte de suas pretendentes em ausentá-lo do nosso convívio, mas tudo isso são os ossos do ofício e nós nos supomos preparados para suportar essa ausência, muito embora haveremos de cobra-lhes uma visita diária em nossa casa ou em nossas contas telefônicas
          Mas, a vida tem verdades e dar voltas que a própria razão desconhece e às vezes nem sabe como explicar  Era do computador, telefone celular, internet, meios fáceis de comunicação, caixa de correspondência eletrônica, contatos com quem sabe Deus se processam e um dia lá está a coisa mudando de cor
          Relacionamentos de toda ordem é o que caracteriza a afirmação do dominador, conquistador, do matador de prezas fáceis, logo ali na esquina da rua, qualquer rua e os fatos se embaralham e o ser se complica entre a paixão desenfreada pela primeira que o fez chegar ao êxtase e aquela que o quer a qualquer preço, ainda que tenha que apelar para os meios nefastos, grosseiros e violentos, pois que foi a própria vida desses seres atrasados e maldosos quem os conduziu na senda do mal e da perdição
           Onde foi parar o nosso biscuit a nossa jóia rara a nossa alma santa, do nosso queridinho amigo que em sofrendo as agruras dos tempos bíblicos, mergulha num fosso de revolta e de contestação, contra tudo e contra todos, por não entender até hoje que o combinado é o combinado, e que esse trato deve ser respeitado, pois que precede muitas vezes às nossas próprias vidas atuais
          E a sua formação, pois é a sua formação que julgávamos primorosa, procedente de escola monástica, religiosa, tida e obtida em mosteiro de alta magnificência escolástica, era tudo o que qualquer um poderia sonhar para a formação do ser do futuro, visto que contava e conta, pois, com um formidável acervo cultural, cientifico, humano e religioso, dos melhores e mais invejáveis para qualquer cidadão do mundo, haja vista que o mesmo adquiriu bagagem suficiente para se expressar e manifestar em pelo menos quatro idiomas mundiais, ainda pode e dever despertar para si mesmo, para a realidade que o assola, mas que o consola e redime ante a sua bagagem espiritual, da qual é dotado por merecimento e por missão, é só despertar e mostrar a que veio
          Nós hoje sofremos ante a inépcia que domina a situação, mas comungamos com a idéia de que não devemos nos abater diante de situações muitas vezes provocadas apenas para nos testar ante os nossos valores morais e espirituais, devemos, como diz o ditado popular, “levantar, sacudi a poeira e dar volta por cima”
          Há um ditado Árabe que diz “Resistir é Vencer”
          E, nós resistiremos até a última gota de sangue e suor da qual possamos dispor, como ser humano, porém como ser espiritual, por sermos imortais, nunca deixaremos de estar vivenciando esse existir enaltecedor das nossas existências e essências divinas, o que nos torna inseparáveis e fraternos ante a nossa precedência espiritual, pela vontade e pelo amor de DEUS

Natal, 26/02/2007

Emmanuel Avelino
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