A CASA ESPÍRITA
A
Você que está chegando.
Por
Joana Abranches (Espírito)
Hoje a palavra é para você,
companheiro de muitas procuras, que chega à Casa Espírita em busca do bálsamo
que alivie uma grande dor, da palavra que ajude a superar um momento de crise
ou que preencha algum “não sei quê?” esquisito que lhe deixa enorme vazio cá
dentro do peito.
Talvez esta seja a derradeira
porta, após tantas tentativas de encontrar o equilíbrio, a paz, enfim, o
sentido da vida. E o seu coração se divide agora entre esperanças e temores.
Afinal, foram tantas as frustrações... Mas, como diz a canção da Zizi Possi...
“Vá, e entre por aquela porta ali, não tem caminho fácil não, é só dar um tempo
que o amor chega até você”...
Pois é, amigo, grupos espíritas não
são igrejas. São espaços fraternos de vivência do Evangelho de Jesus, à luz da
Doutrina Espírita, uma espécie de oficinas do bem, onde se busca, em conjunto,
aprender e exercitar esse tão decantado amor ao próximo. Então, por favor, não
nos idealize. Não espere uma bondade e elevação que ainda não possuímos.
O espírita professa uma fé racional
que, facilitando a compreensão dos porquês da existência, aumenta também a
responsabilidade de uma mudança de atitude para melhor, diante dos desafios
cotidianos da vida. Porém, não nos enganamos, nem queremos lhe enganar a
respeito de quem somos. Somos exatamente como você. Sentimos as mesmas
dificuldades afetivas, emocionais, sexuais, espirituais e tantas outras,
inerentes à nossa condição humana de seres em evolução. Estamos todos no mesmo
barco, amigo, mas remar juntos para chegarmos em segurança à outra margem da
vida – que é o nosso destino e lugar de origem – certamente fará toda a
diferença. E isto nós queremos e podemos fazer.
Não temos rituais ou chefes
religiosos. Trabalhamos em regime de cooperação fraterna e voluntária, conforme
as aptidões e disponibilidade de cada um, em benefício de todos os que aqui
chegam. Por isto, querido amigo, ao entrar por aquela porta, não espere
encontrar sacerdotes investidos de superioridade ou poder. Não espere encontrar
um grupo seleto de iniciados em “mistérios do Além” ou indivíduos infalíveis
que lhe digam, a todo tempo, o que fazer, pois encontrará apenas pessoas
comuns, com muitas certezas e convicções sim, mas também com crises e
inseguranças, assim como as suas.
Aqui você vai encontrar aprendizes
na arte de servir. Gente que se sente feliz em contribuir para a felicidade
alheia, pessoas sempre prontas a acolher, ouvir e amparar. Não suponha, porém,
que estejamos isentos de provas e problemas. Assim como você, lutamos e
sofremos. Apenas optamos pela ação no bem como forma de trabalhar em nós mesmos
o próprio aperfeiçoamento, contribuindo para a construção de uma sociedade
melhor, ao mesmo tempo em que buscamos, no estudo e no trabalho, as respostas e
a coragem necessárias para enfrentar as nossas próprias batalhas na arena da
vida.
Entre nós, encontrará também
companheiros esforçados na tarefa de consolar e esclarecer. Não nos tenha,
porém, como sábios inquestionáveis ou seres santificados. Assim como você , não
vivemos alheios às dificuldades do mundo. Creia, amigo, o nosso maior desafio é
exemplificar, na prática, as verdades espirituais que conhecemos e pregamos. No
dia a dia, sobretudo lá fora, esforçamo-nos por ser pessoas mais pacificadoras,
generosas, fraternais, e, sinceramente, nem sempre o conseguimos...
Mas, se é grande ainda a nossa
imperfeição, maior é a alegria de vê-lo chegar. E assim como Pedro, o apóstolo
rude e sincero de Jesus, apesar do reconhecimento da nossa pequenez humana e
espiritual, é muito bom poder aconchegá-lo com carinho e lhe dizer do fundo do
coração: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho vos dou”. (Atos, 3:6)
Caminhemos
juntos!
(Extraído
do Reformador, de Dezembro de 2009, página 39)
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