Os Espíritos
Inferiores
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O espírito puro traz, em si, sua luz e sua
felicidade, que o seguem por toda parte, e fazem parte integrante de seu ser.
Assim também, o espírito culpado arrasta consigo sua noite, seu castigo, seu
opróbio. Os sofrimentos das almas perversas, por não serem materiais, não são
menos vivos. O inferno é apenas um lugar quimérico, um produto da imaginação, um
espantalho talvez necessário para enganar povos infantis, mas que nada tem de
real. Muito diferente é o ensino dos espíritos com relação aos tormentos da vida
futura: não há hipótese em parte alguma.
Esses sofrimentos, com efeito, aqueles mesmos
que os experimentam nos vêm descrevê-lo, como outros vêm nos retratar seu
arrebatamento. Eles não são impostos por uma vontade arbitrária. Nenhuma
sentença é pronunciada. O espírito sofre as consequências
naturais de seus atos, que recaindo sobre ele, glorificam-no ou acabrunham-no. O
ser sofre na vida de além-túmulo, não somente pelo mal que fez, mas também pela
sua inação e pela sua fraqueza. Numa palavra, essa vida é obra sua; tal qual
configurou com suas próprias mãos. O sofrimento é inerente ao estado de
imperfeição; atenua-se com o progresso; desaparece quando o espírito vence a
matéria.
O castigo do espírito mau prossegue, não
somente na vida espiritual, mas também nas encarnações sucessivas que o arrastam
aos mundos inferiores, onde a existência é precária, onde a dor reina soberana.
Tais são os mundos que poderiam ser qualificados de inferno. A Terra, em certos
pontos de vista, deve ser classificada entre eles. Em torno desses mundos,
prisões de forçados que rolam na imensidão, flutuam as sombrias legiões dos
espíritos imperfeitos, aguardando a hora da reencarnação.
Do Livro: Depois da Morte
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