IL POVERELLO

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

EM TUDO DAI GRAÇAS!...

 
 
 
 
 
A PAZ DO MUNDO COMEÇA EM MIM...
 
 
 
 
 
Minha amada Irmã Hamanda, feliz por seguires as palavras daquele que diz: "a paz do mundo começa em mim". Que esta tua paz que tiveste diante desse momento indesejado mas compreensível, seja aquela da qual o mundo tanto necessita e que começa também no teu coração!
 
 
Em tudo dai graças!
 

Era dia 11 de novembro, 22h00, estávamos eu, Luiz e seus pais diante de sua casa, no Rio de Janeiro, despedindo-nos. Eis que dois homens armados nos surpreendem e valendo-se da superioridade que aquelas armas lhes conferiam, roubaram o carro e tudo que nele estava contido. Por muito pouco, não levaram Luiz conduzindo o veículo. Também por pouco não me levaram, pois já estava dentro do carro quando o assalto foi anunciado para Luiz, que ainda estava fora. Me deixaram sair com minha bolsa, mas levaram minha mala. Acabava de chegar de viagem. Fiquei apenas com a roupa do corpo.
 

Triste foi o momento em que nós, os quatros, ficamos desolados na calçada, vendo aqueles homens sumir pela rua levando o carro.
 

Nos momentos finais, ainda ouvi Luiz dizer-lhes: “Vão com Deus!”.
 

Quando chegamos em casa, depois das providências normais, pensamos: “Estamos vivos!”. Quantas e quantas vezes ouvimos nos noticiários que bandidos assaltam e matam de forma banal; muitas vezes sem qualquer resistência, já de posse dos bens da vítima, e ainda assim assassinam, num ato de total desprezo pela vida humana.
 

“Em tudo dai graças!”. Pela forma como tudo aconteceu, muitas graças! De tanto ouvir esta passagem bíblica, busquei o texto inteiro.
 

Primeira Carta do Apóstolo Paulo aos Tessalonicenses, mais especificamente em seu capítulo 5, versículo 18. Lá está: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
 

Seria a vontade de Deus que fossemos surpreendidos pela violência urbana? Como entender que Deus permita a subtração das coisas obtidas com o esforço do meu trabalho mediante a ameaça de uma arma?
 

É certo que não há fardo que não possamos carregar. Se Jesus carregou a cruz e suportou as dores do Calvário, foi porque Deus sabia com perfeição que Ele poderia carregar o fardo e naquilo tudo havia um grandioso propósito. Se Paulo, Pedro, Estevão e tantos outros morreram em nome do Cristo, pregando e difundindo a Verdade trazida pelo Filho de Deus, por meios desumanos e cruéis, para ilusoriamente fazer imperar o poderio romano, assim o quis Deus porque todos eles suportariam tais dores, e nisso também existiam grandes propósitos.
 

Com nós outros, despidos de uma relevância tal, não é diferente. Nada acontece em nossas vidas que não podemos suportar, como igualmente nada é por acaso.
 

Suportamos a perda de nossos bens. Nos abraçamos em casa, agradecendo a Deus pela graça de ter nos protegido.

A mesma passagem que prega “Em tudo dái graças”, também diz: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (versículo 9).
 

Jesus é puro amor, tolerância extrema, a feição mais perfeita da paz, o norte e o exemplo para todos. Intuitivamente, ao invés de lastimar e dirigir palavras de ira e ódio para aqueles que nos fizeram o mal, optamos pela prece, primeiro em agradecimento, pela proteção de nossas vidas e integridades físicas, depois por aqueles homens, para que abandonem o crime e se convertam a um caminho de luz. Estávamos cumprindo de certo modo as palavras de Paulo, quando diz: “Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos. Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem...” (versículos 14-15).
 

Se não podíamos diretamente dizer-lhes “irmão, segue um caminho do bem”, dirigimo-lhes a nossa oração, pedindo a Deus que deles cuidasse e acolhesse, retirando-os daquela vida sombria. Se perdemos nossas coisas, muito mais perdem eles, enquanto alimentam a ilusão de que estão ganhando.
 

Em tempos difíceis como os atuais, quando a violência e a crueldade dominam o mundo, “Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. […] Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal” (versículos 16-17; 21-22).
 

O mal daquele episódio não ficou em nós. Nos dias seguintes, estávamos sorridentes, vivendo o melhor que a vida nos propicia pela graça de Deus, da forma mais simples, porque o melhor reside no mais profundo de nosso ser.
 

Em toda oração, voltávamos a agradecer pela proteção e luz recebidas naquele instante. “Em tudo demos graças!”.
 

Jamais nos foi dito que não teríamos adversidades. Mas é fato que todas que nos vierem, poderemos suportar, e o fardo se tornará ainda mais leve se entendermos que Deus se faz presente em nossas vidas, sempre! Inclusive nos momentos de prova.
 

Certa vez um irmão me disse que a constante oração e a prática da caridade nos rendiam uma espécie de proteção contra as coisas ruins do mundo. Deus, atento aos nossos atos, pouparia-nos das intempéries, fazendo-nos de certo modo invisíveis ao mal. Por isso, em tempos difíceis, “Orai sem cessar”. Exercitai sempre o amor ao próximo, o que buscamos fazer quando rogamos a Deus  por aqueles que haviam nos ameaçado e roubado. Oração e Caridade estabelecem uma sinergia perfeita com o Criador.
 

E qual fora o propósito então? Não ouso dizer com certeza. A verdade de tudo é domínio de Deus.
 

Extraio as minhas lições pessoais: Estávamos na companhia dos anjos de Deus e estivemos protegidos em todos as horas. Se nos levaram os bens materiais, que grande mal há nisso? Permanecemos intactos e saudáveis para trabalhar e recompor a perda. De que valem as riquezas sem um pensamento voltado para o Alto.
 

Fica a certeza de que as coisas da Terra, aquelas que o dinheiro adquire, à Terra pertence. Ao espírito pertencem o amor a Deus, a fé, a confiança em Jesus, seu filho amado, a caridade e a paciência, e todos os sentimentos e virtudes que nos colocam em sintonia com o Pai.
 

O agradecimento jamais sairá de minha mente e verbo: Muito Obrigada Pai do Céu, por ter nos livrado de um mal maior!
 

Também persiste a prece: Senhor, iluminai os pensamentos daqueles caminham longe de Ti, dos teus ensinamentos. Faz-se presente em suas vidas e conceda-lhes a graça da conversão, fazendo-os verdadeiramente felizes, assim como somos, pela magnífica experiência de tê-lo conosco. Amém!
 
Hamanda Avelino, em Natal, 28 de novembro de 2013.


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