“A HORA DO LOBO OU O
MISTÉRIO DA NOITE”
Esta
página é uma preciosidade, uma jóia rara, uma pérola encontrada nos encantos da
sua própria beleza. Permitam-me estimados irmãos, indicar-lhes a leitura desta
peça, fruto de uma rara imaginação, de uma verve preciosa, puríssima veia
poética.
Trataremos de “A hora
do lobo ou o mistério da noite”
“...à noite a solidão
pode chegar a extremos, a mente solitária constrói fantasias com o rancor, as
emoções noturnas são das mais turbulentas”
Autor: Eduardo
Mascarenhas, médico e psicanalista.
É
impressionante, mas é pura verdade: a
noite inspira emoções diferentes das emoções inspiradas pelo dia. Provavelmente
nenhuma danceteria daria certo se funcionasse de nove da manhã às duas da
tarde. Por um motivo simples: a clientela não se sentiria inspirada. Do mesmo
modo, também é provável que não daria certo um conjunto de jazz que se
apresentasse na hora do almoço.
O efeito da noite sobre as nossas emoções é
tão fantástico que boa parte dos suicídios ocorre a altas horas. Os crimes
passionais, em sua maioria, também acontecem tarde da noite. Quem já viveu
alguma história de amor sabe que o máximo de sua agonia e de seu êxtase explode
nas madrugadas. É noite adentro, com todo aquele clima de silêncio e de ruas vazias, que o amor e o ódio entre os
casais atingem seu ponto culminante. Para definir esses transes da madrugada, o
cineasta sueco Ingmar Bergman criou a expressão “a hora do lobo”. É a hora
suprema em que as emoções como que uivam
suas dores.
Durante o
dia, nossa mente é outra. É que, enquanto o sol está a pino, nossa mente
tende a ficar com humores práticos e
olhares objetivos, para que dê conta de tantos afazeres. Além disso, há
pessoas por todos os lados, todas igualmente dispostas a relacionamentos do
tipo pão, pão, queijo, queijo. As conversas giram em torno de assuntos concretos e cotidianos. Como
todo mundo está nessa mesma viagem, há
uma energia prática por todos os lados. A necessidade de ser objetivo está
no ar.
O sol é extremamente poderoso. Não é à
toa que é conhecido como astro-rei. Sob a intensidade de sua luz, tudo fica
claro, objetivo. Só mesmo quando o sol se põe, nossos olhos são capazes de enxergar o brilho mais sutil da lua e das
estrelas. Por isso, os poetas insistem tanto nesses símbolos.
Rio, 25/06/2011
Emmanuel Avelino.
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