IL POVERELLO

domingo, 6 de agosto de 2017

"A HORA DO LOBO OU O MISTÉRIO DA NOITE"



“A HORA DO LOBO OU O MISTÉRIO DA NOITE”



                        Esta página é uma preciosidade, uma jóia rara, uma pérola encontrada nos encantos da sua própria beleza. Permitam-me estimados irmãos, indicar-lhes a leitura desta peça, fruto de uma rara imaginação, de uma verve preciosa, puríssima veia poética. 

Trataremos de “A hora do lobo ou o mistério da noite”

“...à noite a solidão pode chegar a extremos, a mente solitária constrói fantasias com o rancor, as emoções noturnas são das mais turbulentas”

Autor: Eduardo Mascarenhas, médico e psicanalista.

                        É impressionante, mas é pura verdade: a noite inspira emoções diferentes das emoções inspiradas pelo dia. Provavelmente nenhuma danceteria daria certo se funcionasse de nove da manhã às duas da tarde. Por um motivo simples: a clientela não se sentiria inspirada. Do mesmo modo, também é provável que não daria certo um conjunto de jazz que se apresentasse na hora do almoço.

                        O efeito da noite sobre as nossas emoções é tão fantástico que boa parte dos suicídios ocorre a altas horas. Os crimes passionais, em sua maioria, também acontecem tarde da noite. Quem já viveu alguma história de amor sabe que o máximo de sua agonia e de seu êxtase explode nas madrugadas. É noite adentro, com todo aquele clima de silêncio e de ruas vazias, que o amor e o ódio entre os casais atingem seu ponto culminante. Para definir esses transes da madrugada, o cineasta sueco Ingmar Bergman criou a expressão “a hora do lobo”. É a hora suprema em que as emoções como que uivam suas dores.

                        Durante o dia, nossa mente é outra. É que, enquanto o sol está a pino, nossa mente tende a ficar com humores práticos e olhares objetivos, para que dê conta de tantos afazeres. Além disso, há pessoas por todos os lados, todas igualmente dispostas a relacionamentos do tipo pão, pão, queijo, queijo. As conversas giram em torno de assuntos concretos e cotidianos. Como todo mundo está nessa mesma viagem, há uma energia prática por todos os lados. A necessidade de ser objetivo está no ar. 

                        O sol é extremamente poderoso. Não é à toa que é conhecido como astro-rei. Sob a intensidade de sua luz, tudo fica claro, objetivo. Só mesmo quando o sol se põe, nossos olhos são capazes de enxergar o brilho mais sutil da lua e das estrelas. Por isso, os poetas insistem tanto nesses símbolos. 

Rio, 25/06/2011

Emmanuel Avelino.

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