De um modo geral nós aguardamos e reservamos para o nosso desabafo e descarrego das nossas contrariedades, aqueles que são ou nossos afetos ou nossos desafetos, os quais convivem conosco no seio da nossa família, sejam nossos ascendentes ou nossos descendentes. Inicialmente poderíamos até questionar, mas por que devemos desabafar as nossas insatisfações e desacordos com e principalmente aqueles que são os nossos afetos? Pois é, nossos afetos são aqueles seres próximos de nós que contam e recebem a nossa amizade, afeição e o nosso amor.
Não faz sentido esse nosso procedimento, poderia dizer aquele que só observa um dos lados dessa moeda que é o relacionamento existencial entre os seres humanos, e, principalmente entre os seres espirituais. Pois, por apreciarmos exatamente esse lado, o do Espírito é que devemos levar em consideração todo esse universo das adversidades existenciais dos nossos próximos e dos nossos distantes.
Entretanto no seio da nossa família, convivendo diuturnamente conosco estão aqueles que por sua vez são considerados como os desafetos, que são aqueles que são apontados como sendo os nossos adversários, contrários, opostos, inimigos que por uma condição de imposição das leis que regem os seres espirituais, devemos nós que temos contas a acertar ou algum resgate a prestar aos nossos antepassados e irmãos Espíritos, aceitá-los no seio da nossa família. Nada de anormal nem de discrepância ante os desideratos do impositivo divino.
Como costumamos dizer em matéria de direito, é da lei. Mas, o grande mote dessas nossas apreciações quanto às adversidades da vida, vai por conta de um outro aspecto que nos rodeia e nos envolve permanentemente a vida. Daí termos que analisar fatos e casos da seguinte ordem: após um longo, trabalhoso e desgastante dia de trabalho e luta, chegamos em casa e encontramos nossos familiares em desarmonia e discussões o que demonstra um desacerto ou um acerto de contas e cobranças, às vezes lógicas, às vezes ilógicas diante o modus procedendi de cada uma das personalidades envolvidas
Percebemos o que cada um em si tem de contrariedade e indignação contra o outro, que por sua vez alega que fator, a desarmoniza ante a convivência do outro em seu universo existencial, mas sentimos que indisfarçavelmente um necessita do outro para respirar o ar do acerto de contas e às vezes até mesmo da vingança, a qual não se tem como disfarçar diante dos fatos e do comportamento de um ou de outro. Há entre os mesmos uma fatalidade gritante, indisfarçável, insofismável, que não se conseguiria jamais esconder um do outro, mas que apenas e somente eles não conseguem enxergar o que minoraria a arrogância e o embrutecimento de um e do outro.
Esse tipo de ocorrência acontece a todo instante é quase que uma praxe entre os seres humanos no nosso dia a dia. Ainda agora mesmo deverá estar se dando em algum ponto ou em milhares e milhares de famílias do mundo. Como dissermos acima, é da lei. Porém devemos entender que essa mesma lei é universal, cósmica, global, imponderável e absoluta. Nossa! Por que tantos adjetivos, predicativos e qualificativos, para um assunto aparentemente simples? Seja, uma mera relação entre dois seres humanos. Bem, o problema estar exatamente aí, é um par de idéias em entendimento, são dois universos se confrontando, são dois universos se acoplando, se unindo, se conciliando, se amando, se perdoando, se aperfeiçoando, se submetendo exatamente a esta mesma lei divina, conhecida de causa e efeito, de carma e de reparação dos erros do passado existencial de cada individualidade espiritual.
Positivamente não há como fugir desse propósito maior que pertence a algo muito acima da nossa vã filosofia, a qual não conhece e nem apresenta nenhuma premissa ou conclusão lógica que possa explicar a origem de tais leis e desideratos supremos. É como se diz popularmente, “temos que dar o braço a torcer”. Não há como fugir desse caminho e dessa senda para a nossa própria melhora. Mas, se nos defrontamos inapelavelmente todos os dias com os nossos afetos e desafetos dentro de casa, algo mais apreensivo nos ocorre também diuturnamente em nossas vidas que é o contato com outro seres humanos que não são imediatos e nem coniventes íntimos da nossa existência. Esses seres convivem conosco por força da nossa condição histórica, antropológica, sociológica, cosmológica. Pertence a este contexto os aglomerados das tribos, das raças, dos povos, das nações, dentro dos quais os seres humanos vivem e prosperam, sobre todos os aspectos da vida e convivência etnológica.
Porém devemos esclarecer que diante dessa mesma convivência todos os seres humanos estão submetidos aos afetos e desafetos uns dos outros implacavelmente. Nós não temos como fugir dessa contingência, desse processo impositivo em que os seres humanos independentemente de suas vontades, deverão se submeter as esse condicionamento existencial. Pelo visto estamos constantemente resgatando erros e posturas cometidos inadvertidamente ou pelo nosso próprio livre-arbítrio contra alguém, algo ou a própria lei que nos controla imponderavelmente, independentemente de que tenhamos conhecimento ou não dessa mesma lei. Ou seja, pelo fato de ignorarmos essa lei, esse fato não nos dar o direito de defesa, ainda que aleguemos desconhecer tais leis.
Pelo contrário essa lei não permite que alguém a desconheça, seja voluntariamente ou involuntariamente. Essa lei mesma está impregnada em nossas consciências espirituais, mais cedo ou mais tarde haveremos de conhecê-las em suas premissas e substâncias, pois sem elas não alcançaremos os estágios de progresso destinados aos nossos Espíritos, que são os seres que foram criados para transformar e modificar as nossas condições próprias de humanidade. O nosso melhoramento é condição sine qua non, para que nos adaptemos a essas mesmas leis que nos regem e conduz a todos. Por isso mesmo devemos nos submeter a esse universo de relacionamentos entre os seres humanos, para que possamos perceber o quanto devemos e temos que suportar e aprender uns com os outros
Ora, se tivermos o cuidado e a perspicácia de observar logo um pouco acima, devemos ter percebido que no nosso dia a dia, fora da nossa família e em convivência com outros seres estranhos aos nossos relacionamentos pessoais, ainda aí estamos submetidos aos resgates de algo que desconhecemos. Haja vista que sempre nos deparamos com situações inusitadas, quando somos tratados e abordados por seres humanos que não são aqueles ditos afetos e desafetos por laços de família. Ao sair de casa, já na porta do elevador encontramos um ser humano a quem nos dirigimos com um sorriso e um bom dia e o mesmo não corresponde e nem dá a menor atenção e se faz de mudo, como se nada tivesse acontecido com a sua presença no mesmíssimo espaço mínimo de um mero elevador.
Ao entrar no referido elevador o ocupante que ingressa tem que apertar o botão do andar que se dirige, mas o ser humano se encontra exatamente à frente do painel dificultando o seu acesso e quando você pede licença o mesmo o olha como se você fosse um ser estranho, do outro mundo e se afasta com uma cara do tamanho do trem, como a querer dizer: você não percebe que não foi bem vindo a esse espaço? Entretanto aquele espaço é coletivo, porém de propriedade privada, onde cada um dos condôminos é proprietário do mesmo.
Mas, percebamos o ser humano ali companheiro de jornada e de elevador se acha incomodado com o outro que ingressou e para o qual o mesmo não sente a menor simpatia. Se estivesse ao seu alcance o eliminaria daquele ambiente e daquele espaço, para ele exclusivo e de uso próprio. Podemos dizer: mas que absurdo se apresentar uma conjetura dessas. Não, não são conjecturas meramente. Passemos a observar esses detalhes em nossas vidas e haveremos de comprovar, diuturnamente, acontecimentos dessa ordem que nos acontecem, sem cessar, toda hora em todos os lugares que vivemos e que vamos.
Nada de anormal nesse contexto existencial. Isso se dar pelo fato que acima já argumentamos, de que precisamos apurar os nossos sentimentos, as nossas sensibilidades emocionais, a nossa carência moral, para que o nosso Espírito possa se dar por conta do contexto da sua existência em contato permanente com as situações divergentes, desagradáveis, mas que extremamente necessárias para o nosso melhorar incessante.
Rio, 27/11/2009. Emmanuel Avellino.
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